Representantes da China, Irã e Rússia se reunirão na sexta-feira, 14, em Pequim, para discutir o programa nuclear iraniano e outros temas de interesse comum. A informação foi confirmada nesta quarta-feira, 12, pelo Ministério das Relações Exteriores da China, por meio de comunicado oficial.
O encontro contará com a presença dos vice-ministros das Relações Exteriores dos três países. A reunião integra a agenda diplomática coordenada entre as partes, que têm mantido diálogo regular sobre questões relacionadas à segurança regional e acordos internacionais sobre energia nuclear.
Segundo o Ministério chinês, o objetivo principal é promover consultas sobre o programa nuclear do Irã, com foco na cooperação multilateral e na busca de entendimentos técnicos e políticos em torno do tema. A pauta também incluirá assuntos relacionados à estabilidade internacional e ao papel dos respectivos países em negociações multilaterais.
Autoridades iranianas reiteram caráter pacífico do programa nuclear
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyed Abbas Araqchi, declarou recentemente que o programa nuclear iraniano tem finalidade exclusivamente pacífica. A declaração foi feita em meio à retomada das discussões diplomáticas envolvendo países da Ásia e da Europa.
“O programa de energia nuclear do Irã sempre foi e sempre será completamente pacífico”, afirmou Araqchi. O chanceler também destacou que o governo iraniano está aberto a negociações, mas rejeita condições impostas unilateralmente. “Negociar é diferente de intimidar e dar ordens”, declarou.
As declarações do diplomata iraniano foram uma resposta a recentes pronunciamentos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que informou ter enviado uma carta ao líder supremo do Irã, sugerindo o início de negociações, mas impondo condições específicas para esse processo.
Consultas com países europeus e potências asiáticas prosseguem
De acordo com o ministro iraniano, o país mantém consultas paralelas com três países europeus, além de diálogos bilaterais com Rússia e China. Segundo ele, essas tratativas têm como base a igualdade e o respeito mútuo, com o objetivo de criar um ambiente favorável à transparência e à cooperação internacional.
O governo iraniano busca mecanismos diplomáticos para fortalecer a confiança em relação ao seu programa nuclear. Segundo Araqchi, o país está disposto a adotar medidas adicionais de transparência caso sejam retiradas sanções classificadas como unilaterais e ilegais por Teerã.
“Acreditamos que a construção de confiança mútua deve ocorrer de forma equilibrada, com reconhecimento das obrigações internacionais e revisão das medidas restritivas impostas ao Irã”, declarou o ministro.
Posicionamento dos Estados Unidos pressiona ambiente diplomático
As declarações do presidente Donald Trump ocorrem em meio a um cenário de incertezas sobre o futuro do acordo nuclear assinado em 2015 entre o Irã e potências internacionais. Desde 2018, quando os Estados Unidos anunciaram sua retirada unilateral do acordo, as relações entre Washington e Teerã permanecem tensionadas.
Trump afirmou recentemente que está disposto a retomar negociações, mas condiciona o processo à aceitação de novos termos pelo governo iraniano. A postura do governo norte-americano tem sido criticada por países que ainda integram o pacto nuclear, que defendem a manutenção dos termos originais do acordo.
O Irã tem solicitado a suspensão das sanções econômicas e comerciais como condição para qualquer novo avanço diplomático. Segundo autoridades iranianas, as medidas restritivas dificultam a cooperação técnica e científica em áreas previstas no acordo anterior.
Pequim sedia nova rodada de diálogo técnico e político
A reunião em Pequim será a primeira com participação simultânea de representantes dos três países desde o início do ano. O encontro ocorre em um momento de intensificação das conversas diplomáticas multilaterais envolvendo o programa nuclear iraniano e o papel das potências asiáticas na mediação de conflitos internacionais.
As delegações da China, Rússia e Irã deverão apresentar propostas voltadas à retomada de compromissos multilaterais e à redução das tensões regionais. Autoridades chinesas afirmam que o país busca contribuir para a estabilidade geopolítica e a preservação de acordos internacionais no campo da não proliferação nuclear.
A expectativa é que o encontro produza um comunicado conjunto com recomendações para futuros diálogos e possíveis iniciativas técnicas de cooperação. As partes não confirmaram se haverá representantes de outros países convidados ou observadores internacionais na reunião.
Negociações ocorrem sob impasse geopolítico e pressão econômica
As discussões sobre o programa nuclear do Irã ocorrem em contexto de instabilidade econômica e pressão política internacional. A retomada das sanções pelos Estados Unidos e a redução dos compromissos do Irã com o acordo de 2015 provocaram reações em diversas instâncias diplomáticas.
Países europeus têm buscado alternativas para preservar os termos do acordo e evitar o avanço de programas nucleares fora dos padrões estabelecidos pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O Irã, por sua vez, argumenta que cumpre suas obrigações legais e exige reciprocidade por parte da comunidade internacional.
A reunião em Pequim deverá contribuir para a definição de novos parâmetros de negociação, embora não haja expectativa de decisões conclusivas neste primeiro encontro.
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