Câmara não pode barrar Eduardo Bolsonaro no cargo

Hugo Motta descarta veto a Eduardo Bolsonaro na Câmara / Reprodução de Poder 360

Hugo Motta afirma que nem ele nem outros partidos podem impedir o PL de indicar Eduardo Bolsonaro para presidir a Comissão de Relações Exteriores


Diante das articulações do PT para impedir que o PL nomeie Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN), o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou nesta terça-feira (11) que nem ele nem outros partidos podem interferir nas decisões internas de cada legenda. Segundo o Valor, ele afirmou que o PL tem o direito de escolher os dois primeiros colegiados e pretende indicar o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para um deles.

“O líder do PL, Sóstenes Cavalcante, tem priorizado a Comissão de Relações Exteriores. Ele tem colocado que essa é uma prioridade para o PL. Estamos ouvindo os demais partidos para entender suas prioridades. Estamos tratando apenas da escolha partidária. Ainda não estamos tratando de nomes”, afirmou Motta ao chegar para o jantar da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), com líderes do Centrão.

Ao longo do dia, Motta se reuniu com líderes partidários para avançar na definição das presidências das comissões da Câmara. A expectativa do parlamentar é concluir a distribuição até quinta-feira, permitindo que os colegiados sejam oficialmente instalados na próxima semana.

Acompanhado dos líderes do PSD, Antônio Brito (BA), e do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), o presidente da Câmara negou que a possível indicação de Eduardo Bolsonaro para a CREDN possa gerar um embate com o Supremo Tribunal Federal (STF).

“Não acredito que seja uma crise até porque essa distribuição das comissões pelos partidos já é conhecida por todos. É uma praxe regimental. Não há muito o que o presidente da Câmara e os outros partidos façam em. Por quê? Porque isso se dá pelo tamanho de cada bancada. Não há como interferir, como mudar esse bloco, que foi formado no início da legislatura”, explicou Motta.

Ele reforçou que a divisão seguirá as regras do regimento interno da Casa, buscando sempre o consenso entre os partidos. “Vamos cumprir regimentalmente aquilo que tem que ser cumprido por nós nessa escolha, sempre tentando da forma mais harmônica possível fazer com que os partidos possam convergir e escolher a melhor forma de comissões”, acrescentou.

Motta também minimizou os impasses entre os partidos durante as negociações, afirmando que é natural que nem todos saiam completamente satisfeitos. “Sempre digo aos líderes que nenhum líder senta à mesa e sai 100% satisfeito, principalmente quando um partido tem direito de escolher mais de uma comissão. Ao final, se monta a divisão daquilo que é possível fazer”, destacou.

Acordo sobre a CCJ

Sobre a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Motta afirmou que respeitará o acordo firmado por seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL), que definiu que União Brasil e MDB ocuparão a presidência da comissão nos últimos dois anos da atual legislatura. O PL, que tem direito a duas comissões, mira a CCJ e a Comissão de Relações Exteriores.

“Há um acordo prévio onde o PL já exerceu sua vez na presidência da CCJ, que foi no ano passado com a deputada Caroline de Toni”, disse Motta durante o jantar promovido por Gleisi Hoffmann.

Questionado se manteria o compromisso firmado por Lira, ele foi direto: “Sim, claro, o acordo tem que ser cumprido. O acordo é com os líderes também”.

Em 2023, um entendimento costurado por Lira estabeleceu um rodízio na presidência da CCJ entre PT, PL, União Brasil e MDB ao longo dos quatro anos de legislatura. Os deputados Rui Falcão (PT-SP) e Caroline de Toni (PL-SC) comandaram o colegiado em 2023 e 2024, respectivamente.

Agora, a presidência da comissão deve ficar com União Brasil, já que o MDB deverá assumir a relatoria do Orçamento de 2026, posição que também era cobiçada pelo partido comandado por Pedro Lucas Fernandes (União-MA). Com isso, o MDB deve presidir uma comissão no próximo ano.

Rhyan de Meira: Rhyan de Meira é estudante de jornalismo na Universidade Federal Fluminense. Ele está participando de uma pesquisa sobre a ditadura militar, escreve sobre política, economia, é apaixonado por samba e faz a cobertura do carnaval carioca. Instagram: @rhyandemeira
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