JP Morgan volta a recomendar ações brasileiras e aponta mudança tática em cenário de investimentos

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O banco norte-americano JP Morgan revisou sua posição sobre o mercado acionário brasileiro e voltou a recomendar a compra de ações no país.

A decisão marca uma mudança na estratégia adotada pela instituição financeira, que havia rebaixado sua recomendação para o Brasil em novembro do ano passado.

O movimento é justificado por alterações nas condições macroeconômicas globais e regionais. As informações constam em relatório divulgado pelo banco e citadas pelo jornal O Globo.

No final de 2024, em meio à intensificação da crise de confiança relacionada à política fiscal brasileira e à ocorrência de um ataque especulativo contra ativos locais, o JP Morgan alterou sua recomendação para “neutro”. Na mesma ocasião, o México passou a ser classificado como “compra”.

De acordo com o relatório mais recente, os fundamentos que justificaram a valorização do mercado mexicano perderam força, ao passo que novos fatores passaram a favorecer o mercado brasileiro.

“Os fatores que nos levaram a elevar o México já ficaram para trás, e novos fatores agora favorecem o Brasil”, afirma o documento elaborado pela equipe de análise liderada por Emy Shayo Cherman.

Entre os elementos considerados pelo banco para reavaliar sua posição estão o possível encerramento do ciclo de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e a retomada da atividade econômica na China.

A expectativa de maior liquidez no mercado internacional, com redirecionamento de capital para economias emergentes, é apontada como um dos principais vetores da mudança.

A valorização do real frente ao dólar, que passou de R$ 6,20 para R$ 5,70 em um intervalo recente, também foi mencionada no relatório.

Outro ponto destacado é a redução das pressões inflacionárias no Brasil, fator que contribui para o realinhamento das expectativas econômicas e melhora a percepção de risco do país entre investidores estrangeiros.

A equipe do JP Morgan classifica a decisão como uma alteração de natureza tática, e não estrutural. A avaliação indica que o banco ainda identifica riscos persistentes no cenário fiscal doméstico, mas entende que há oportunidades de curto prazo em segmentos específicos do mercado acionário brasileiro.

Entre os setores mencionados no relatório estão o bancário e o de utilidades públicas, com destaque para os segmentos de energia e saneamento.

Segundo a análise, as ações dessas empresas estão sendo negociadas a múltiplos considerados atrativos em relação ao lucro por ação, o que, segundo o banco, reforça o potencial de retorno.

A perspectiva de continuidade do crescimento econômico nos Estados Unidos também é considerada um fator relevante na reavaliação da recomendação para o Brasil.

O relatório observa que, caso a economia norte-americana evite uma recessão, o ambiente de investimentos pode seguir favorável para os mercados emergentes, com potencial de atração de fluxos de capital.

O relatório não altera, no entanto, a visão do banco sobre os desafios estruturais do Brasil. A equipe de análise ressalta que a sustentabilidade fiscal segue como um ponto de atenção, e que os fundamentos de longo prazo ainda exigem acompanhamento.

O JP Morgan também observa que o desempenho recente do mercado brasileiro ocorreu em um contexto de reprecificação de ativos, após um período de maior aversão ao risco por parte dos investidores.

A mudança de posicionamento do banco reflete, segundo o relatório, uma avaliação conjuntural baseada em sinais de melhora relativa frente a outros mercados emergentes.

Com o reposicionamento da recomendação, o banco volta a incluir o Brasil entre os mercados preferenciais para alocação tática no curto prazo.

A instituição avalia que, mesmo diante de incertezas fiscais, as condições atuais oferecem margem para ganhos em determinados ativos, principalmente aqueles ligados a setores com fundamentos operacionais mais previsíveis.

A mudança de postura do JP Morgan ocorre em um momento de monitoramento constante por parte dos investidores institucionais em relação aos riscos fiscais, às decisões de política monetária internacional e à dinâmica de crescimento das principais economias globais.

A análise do banco indica que esses fatores continuarão a ser determinantes para o desempenho dos mercados emergentes ao longo dos próximos trimestres.

O documento não apresenta projeções numéricas específicas, mas aponta que a combinação de fatores externos e internos pode favorecer um ciclo de valorização pontual de ativos brasileiros. O banco reforça que a estratégia é baseada em variáveis de curto prazo e poderá ser revista conforme o cenário evolua.

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