A Huawei e a Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC) iniciaram os testes com os primeiros equipamentos de produção de semicondutores desenvolvidos integralmente na China. A informação foi divulgada no fim de semana por fontes com acesso aos bastidores das empresas.
Segundo essas fontes, as novas máquinas foram projetadas com o objetivo de eliminar a dependência chinesa de tecnologias ocidentais e contornar restrições impostas por sanções dos Estados Unidos. O projeto representa um movimento estratégico para tornar a cadeia de produção de chips chinesa autossuficiente.
A fase de testes marca o início de uma etapa experimental que, de acordo com os planos internos das companhias, deve evoluir para a produção piloto no terceiro trimestre de 2025.
Caso os resultados atendam às expectativas técnicas, a fabricação em escala industrial está prevista para ocorrer após o segundo semestre. A operação plena das novas máquinas deve ser iniciada em 2026.
As fontes informaram que o equipamento em testes possui capacidade para produzir semicondutores com litografia de 5 nanômetros.
O sistema utiliza um processo descrito como mais simples e com design mais compacto em comparação às tecnologias atuais, o que pode implicar em menor consumo energético e redução de custos operacionais no processo de fabricação.
A iniciativa se apoia também em avanços obtidos por centros de pesquisa chineses. Conforme dados de estudos anteriores, uma equipe da Harbin Provincial Innovation desenvolveu uma fonte de luz baseada em descarga de plasma para litografia ultravioleta extrema (EUV).
Essa fonte é capaz de gerar luz com comprimento de onda de 13,5 nanômetros, compatível com os padrões exigidos para a produção de chips avançados.
De acordo com os pesquisadores, a nova fonte de luz pode oferecer maior eficiência energética em comparação aos equipamentos utilizados atualmente pela empresa holandesa ASML, principal fornecedora global de sistemas de litografia para a indústria de semicondutores.
Embora o desenvolvimento esteja em estágio inicial, analistas do setor indicam que a capacidade de produção em 5 nanômetros representa um marco relevante para a indústria tecnológica chinesa, que busca acelerar sua independência tecnológica em meio ao cenário de tensões comerciais e restrições de exportação de componentes críticos.
Até o momento, tanto a Huawei quanto a SMIC não comentaram oficialmente o andamento dos testes ou as projeções para a implementação industrial dos novos equipamentos.
No entanto, a expectativa nos bastidores das empresas é de que as primeiras linhas de produção de chips avançados com tecnologia nacional sejam apresentadas ao mercado a partir de 2026.
O desenvolvimento de sistemas nacionais de litografia tem sido apontado como um dos principais desafios enfrentados pela indústria chinesa de semicondutores.
A limitação no acesso a equipamentos da ASML, especialmente as máquinas EUV, tem restringido a capacidade do país em competir com fabricantes internacionais no segmento de chips de última geração.
O avanço na produção local de equipamentos para a fabricação de chips pode alterar esse cenário, oferecendo à China maior autonomia em um setor considerado estratégico para sua economia e segurança tecnológica.
As autoridades chinesas têm reforçado investimentos em pesquisa e desenvolvimento de soluções nacionais para suprir lacunas tecnológicas provocadas pelas sanções. O esforço envolve parcerias entre empresas do setor privado, instituições acadêmicas e centros de inovação provinciais.
A expectativa, segundo observadores do setor, é de que os primeiros resultados dessa estratégia comecem a ser concretizados nos próximos dois anos, com a introdução de equipamentos nacionais na cadeia produtiva de semicondutores e, consequentemente, a ampliação da oferta de chips fabricados inteiramente com tecnologia chinesa.
Caso os testes sejam bem-sucedidos, a adoção comercial dos equipamentos poderá representar um novo capítulo na indústria global de semicondutores, com potenciais impactos na dinâmica de fornecimento e concorrência tecnológica internacional.
O processo ainda será acompanhado de perto por especialistas e governos, dada a relevância estratégica da indústria de chips e seu papel na configuração das cadeias produtivas globais.
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