Na coletiva de imprensa em 7 de março de 2025, no Centro de Mídia, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, foi questionado sobre o papel da ONU e os riscos à ordem internacional, especialmente diante do avanço do unilateralismo e da política de poder.
Ele destacou que 2025 marca o 80º aniversário da ONU, e que a organização resistiu a muitos desafios, provando sua importância para a paz e a governança global. No entanto, Wang alertou que a atual ordem internacional está sob ameaça, com países poderosos tentando impor sua vontade sobre os outros e minando o multilateralismo.
O chanceler chinês defendeu quatro pilares para evitar o retrocesso à “lei da selva”:
- Igualdade soberana: nenhum país deve se impor sobre outro.
- Imparcialidade e justiça: as decisões globais não devem ser monopolizadas por poucos países.
- Compromisso com o multilateralismo: a colaboração deve substituir o confronto.
- Respeito ao direito internacional: grandes potências devem seguir as regras e evitar padrões duplos.
Wang Yi reforçou que a China, como membro fundador e permanente do Conselho de Segurança da ONU, continuará sendo defensora e construtora da ordem global, atuando como um pilar do multilateralismo e dando voz ao Sul Global.
Pergunta e resposta na íntegra:
Global Times: Alguns acreditam que a ordem internacional está no momento mais perigoso desde a Segunda Guerra Mundial e que a autoridade e o papel das Nações Unidas estão sendo minados. Como isso pode ser evitado e que papel a China desempenhará?
Wang Yi: Este ano marca o 80º aniversário da ONU. Por volta do final da Segunda Guerra Mundial, a decisão mais importante que a comunidade internacional tomou foi estabelecer a ONU e torná-la a principal plataforma para manter a paz mundial e promover a governança global. Os fatos demonstraram que a ONU resistiu a testes e tem sido fundamental.
Atualmente, houve mudanças fundamentais na situação mundial. O unilateralismo está em alta e a política de poder é desenfreada. Alguns países expressaram ceticismo de um tipo ou de outro em relação à ONU. Mas a China acredita que, quanto mais complexos os problemas, maior a necessidade de acentuar o importante status da ONU; quanto mais urgentes os desafios, maior a necessidade de defender a devida autoridade da ONU.
Todos os países querem evitar que o mundo retorne à lei da selva. Para isso, é necessário:
- Consolidar a pedra fundamental da igualdade soberana.
- Todos os países, independentemente de seu tamanho e força, devem ser reconhecidos como membros iguais da comunidade internacional.
- Aqueles com braços mais fortes e punhos maiores não devem dar as ordens.
- Manter o princípio da imparcialidade e da justiça.
- Os assuntos internacionais não devem ser monopolizados por um pequeno número de países.
- Deve-se dar mais atenção à voz do Sul Global.
- Os direitos e interesses legítimos de todos os países devem ser totalmente protegidos.
- Observar o multilateralismo.
- Os países devem permanecer comprometidos com os princípios de ampla consulta, contribuição conjunta e benefício compartilhado.
- Confronto em bloco deve dar lugar à colaboração inclusiva.
- Devemos romper os pequenos círculos de exclusividade e fortalecer a solidariedade global.
- Fortalecer a autoridade do estado de direito internacional.
- Os principais países, em particular, devem assumir a liderança na defesa da integridade do sistema internacional.
- Devem abraçar o estado de direito e se opor ao duplo padrão e à aplicação seletiva.
- Muito menos devem recorrer a bullying, monopólio, truques ou extorsão.
A China é fundadora e beneficiária da ordem internacional pós-Segunda Guerra Mundial. Naturalmente, também somos defensores e construtores dessa ordem. Não temos intenção de começar tudo de novo, nem apoiamos a tentativa de qualquer país de derrubar a ordem atual.
A China está bem ciente de sua responsabilidade internacional como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Ela salvaguardará com firmeza o papel central da ONU, se apresentará como um pilar do sistema multilateral e defenderá a justiça para o Sul Global.
No mês passado, no Conselho de Segurança da ONU, a China presidiu a reunião de alto nível sobre “Praticar o multilateralismo, reformar e melhorar a governança global”. Mais de 100 países participaram, dando início às comemorações do 80º aniversário da ONU.
A China está pronta para trabalhar com todos os lados para refletir sobre a visão fundadora da ONU, observar os propósitos e princípios da Carta da ONU e construir um sistema de governança global mais justo e equitativo.
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