Atos em diferentes estados do país reforçaram reivindicações de mulheres por mais direitos e qualidade de vida
Uma série de atos realizados em diferentes cidades neste sábado (8), Dia Internacional de Mulher, reforçaram reivindicações históricas do movimento feminista nacional. Mulheres de todo país foram às ruas para pedir a garantia do direito ao aborto legal, ao fim da escala de trabalho 6×1 e o barateamento da comida.
“Nosso ato fala da importância do direito ao aborto legal e também fala sobre o direito à dignidade da vida das trabalhadoras, por exemplo, evocando a necessidade do fim da escala 6×1”, disse Simone Nascimento, codeputada da Bancada Feminista do PSOL em São Paulo e coordenadora do Movimento Negro Unificado (MNU).
Para Manuella Mirella, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), a escala 6×1 é um resquício do período de escravatura no Brasil. “A nossa luta pelo fim da escala 6×1, porque sabemos que os estudantes hoje sofrem na pele esse sistema de quase que escravidão”, disse.
Nascimento e Mirella estiveram no ato do 8 de Março realizado na Avenida Paulista, em São Paulo. Cerca de 60 organizações participaram da mobilização.
Carolina Lima, do Movimento Brasil Popular, disse que o ato também cobra mudanças nos sistema tributário nacional e o combate à fome. “As mulheres estão na rua hoje porque o 8 de março é uma data histórica e a gente está em luta em defesa da taxação dos super ricos e do combate à fome”, disse ela. “Não é um dia de flores, mas que é um dia de luta.”
Lucineia Freitas, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), reforçou a importância da mobilização feminina na Avenida Paulista e no país como um todo. O MST, disse ela, participou da organização de 24 atos Brasil afora.
Freitas disse que, para as sem-terra, os atos servem para denunciar os malefícios causados pelo agronegócio à população. “A nossa pauta é a denúncia do agronegócio como principal causador da crise ambiental, seja com o aumento dos preços dos alimentos que impacta, principalmente, as famílias de áreas vulneráveis.”
Outras cidades
Em Brasília, o ato do Dia da Mulher reuniu cerca de 300 pessoas. Elas marcharam da Torre de TV até a Rodoviária do Plano Piloto.
Em Fortaleza (CE) a manifestação caminhou da Praça da Bandeira à Praça do Ferreiro. O ato foi organizado por coletivos de mulheres, organizações políticas, sociais e sindicais. Teve como tema “Mulheres vivas do Brasil a Palestina: pela prisão de Bolsonaro e todos os golpistas, pela democracia, pelo fim do fascismo, por mais mulheres na política, autonomia econômica e justiça ambiental”.
A vereadora de Fortaleza e militante da Marcha Mundial das Mulheres, Mari Lacerda (PT), falou das pautas das cearenses. “Queremos a divisão do trabalho doméstico, queremos o fim da violência, o fim da opressão contra homens e mulheres, queremos uma vida livre de todas as formas de opressão”, disse.
Em Porto Alegre (RS), a marcha no Largo Glênio Peres contou com a participação de cerca de 1.500 pessoas.
“A questão da violência de gênero é muito cara para nós e é nossa principal pauta. Mas a gente sabe que somos as mais afetadas por todos esses eventos climáticos que tem acontecido, as enchentes, a seca, o excesso de calor”, disse Suzana Cecília Lauermann, coordenadora do ato pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pelo Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers), durante o ano.
Publicado originalmente pelo Brasil de Fato em 08/03/2025
Edição: Camila Salmazio