Trump afirma que Ucrânia está disposta a negociar e Rússia “pronta para a paz”

O presidente dos EUA, Donald Trump, se encontra com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy na Casa Branca em Washington, D.C., EUA, 28 de fevereiro de 2025. REUTERS/Brian Snyder/Foto de arquivo


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta terça-feira (4) ter recebido uma carta do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, na qual o líder ucraniano expressou disposição para iniciar negociações de paz com a Rússia. Em discurso ao Congresso, Trump citou trechos da carta: “A Ucrânia está pronta para sentar à mesa de negociações o mais rápido possível para aproximar uma paz duradoura. Ninguém quer a paz mais do que os ucranianos”.

Trump também afirmou estar em “discussões sérias” com a Rússia e ter recebido “sinais fortes” de que o país está pronto para a paz. “Não seria lindo? É hora de parar com essa loucura, de acabar com as mortes e de encerrar essa guerra sem sentido. Se você quer acabar com guerras, precisa conversar com ambos os lados”, disse.

O presidente americano não detalhou, no entanto, como planeja encerrar o maior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Ele mencionou que a Ucrânia está pronta para assinar um acordo de mineração com os EUA, considerado crucial por Washington para garantir o apoio contínuo à defesa ucraniana. Fontes relataram à Reuters que o acordo seria firmado em troca de ajuda militar, atualmente suspensa por Trump.

Tensão e reaproximação
Zelenskiy, por sua vez, prometeu reparar as relações com os EUA após um confronto “lamentável” com Trump na Casa Branca na semana passada. Em comunicado, o líder ucraniano afirmou estar disposto a assinar o acordo de mineração “a qualquer momento e em qualquer formato”. Ele também destacou a importância de trabalhar com a liderança de Trump para alcançar uma paz duradoura.

A suspensão da ajuda militar americana à Ucrânia gerou críticas de democratas e aliados europeus. Em Moscou, o Kremlin afirmou que a medida é um passo positivo para a paz, mas aguarda confirmação oficial.

Pressão sobre a Europa
A pausa no apoio militar dos EUA aumentou a pressão sobre os aliados europeus, que já ofereceram tropas para ajudar a garantir um possível cessar-fogo. Alemanha e França anunciaram propostas para aumentar os gastos com defesa, incluindo um fundo de 500 bilhões de euros.

Na Ucrânia, a decisão de Trump foi recebida com choque e descrita por muitos como uma traição. “Suspender a ajuda durante uma guerra significa abandonar o país atacado e esperar que o agressor vença”, criticou o primeiro-ministro francês, François Bayrou.

Caminho para a paz
Zelenskiy delineou um possível caminho para um acordo de paz, começando com a libertação de prisioneiros e a suspensão de ataques aéreos e marítimos, se a Rússia fizer o mesmo. “Queremos avançar rapidamente para as próximas etapas e trabalhar com os EUA para um acordo final forte”, afirmou.

Enquanto isso, o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, garantiu que as forças do país continuam resistindo às tropas russas e que Kiev fará “tudo o possível” para manter a cooperação com os EUA.

Por Erin Banco, Max Hunder e Olena Harmash
5 de março de 2025, 2h57 GMT-3


Biografia: Erin Banco é correspondente de segurança nacional da Thomson Reuters, cobrindo temas como a guerra na Ucrânia e operações secretas dos EUA. Anteriormente, trabalhou na POLITICO e é autora do livro Pipe Dreams, sobre a indústria de petróleo no Curdistão iraquiano.

Data: 5 de março de 2025
Fonte: Reuters

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