Menu

China expande “orçamento diplomático” para quase 9 bilhões de dólares

Aumento do orçamento diplomático da China reforça estratégia global, enquanto Trump mantém isolamento. O governo chinês anunciou um aumento significativo no orçamento para política externa em 2025, destacando seu compromisso com a diplomacia e o fortalecimento das relações internacionais, em contraste com a abordagem isolacionista dos Estados Unidos sob a política “América Primeiro” do presidente […]

sem comentários
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News
Delegados saem após a sessão de abertura do Congresso Nacional do Povo, em Pequim, na quarta-feira. O ministério das finanças propôs um aumento de 8,4 por cento no orçamento da política externa. Foto: AFP

Aumento do orçamento diplomático da China reforça estratégia global, enquanto Trump mantém isolamento.

O governo chinês anunciou um aumento significativo no orçamento para política externa em 2025, destacando seu compromisso com a diplomacia e o fortalecimento das relações internacionais, em contraste com a abordagem isolacionista dos Estados Unidos sob a política “América Primeiro” do presidente Donald Trump.

O Ministério das Finanças da China revelou na quarta-feira que os gastos com “esforços diplomáticos” aumentarão 8,4%, ultrapassando 64,5 bilhões de yuans (US$ 8,87 bilhões). Esse aumento é maior que o registrado no ano passado, de 6,6%. Em paralelo, o orçamento militar subirá 7,2%, mantendo o mesmo percentual dos dois anos anteriores.

A proposta orçamentária foi apresentada ao Legislativo chinês durante a sessão anual da Assembleia Popular Nacional, evento que compõe as chamadas “duas sessões”, o maior encontro político do país. O primeiro-ministro Li Qiang destacou os avanços da China na diplomacia, ressaltando visitas de alto nível realizadas no último ano, incluindo encontros em fóruns como a Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) e o G20.

Li afirmou que a China consolidou parcerias globais e manteve compromisso com o multilateralismo, desempenhando papel ativo na solução de desafios regionais e internacionais. Segundo ele, essas ações demonstram a contribuição da China para a paz e o desenvolvimento mundial.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, o governo Trump continua reduzindo o envolvimento internacional, promovendo tarifas contra diversos países, incluindo a China. Além disso, o Departamento de Estado norte-americano enfrenta cortes sob a justificativa de eficiência governamental, com indícios de redução das missões diplomáticas no território chinês.

Li reforçou o compromisso da China com uma “política externa independente de paz”, combatendo o hegemonismo e o protecionismo, enquanto defende a equidade internacional. O governo pretende fortalecer sua posição em uma ordem mundial multipolar e ampliar a globalização econômica de forma inclusiva.

Especialistas apontam que o aumento do orçamento diplomático reflete o desejo da China de expandir sua presença internacional. Dylan Loh, professor da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura, afirmou que essa elevação de recursos é natural para uma potência global com interesses crescentes no exterior.

A China deve sediar importantes eventos diplomáticos em 2025, incluindo a cúpula da Organização de Cooperação de Xangai e um desfile militar para marcar os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. O programa de infraestrutura da Nova Rota da Seda (Belt and Road Initiative) continuará sendo um pilar central da política externa chinesa, com Pequim intensificando parcerias com países do Sul Global.

O relatório orçamentário divulgado na quarta-feira detalha planos para aprofundar intercâmbios econômicos e consolidar a implementação das Iniciativas de Desenvolvimento Global, Segurança Global e Civilização Global. Esses programas, lançados recentemente, buscam reformular a governança global sob uma perspectiva chinesa.

Para Wang Yiwei, diretor do Instituto de Assuntos Internacionais da Universidade Renmin, o aumento no orçamento diplomático leva em conta fatores internos e externos. No plano doméstico, pode representar esforços para fortalecer o corpo diplomático chinês, incluindo melhorias salariais para funcionários em missões internacionais. No cenário global, indica que a China quer se posicionar como provedora de bens públicos internacionais, mesmo focando em seu próprio crescimento econômico.

O país busca reafirmar seu papel de liderança no mundo em desenvolvimento, ampliando a cooperação com nações participantes da Nova Rota da Seda. Pequim aposta na expansão de projetos estratégicos, como a ferrovia China-Europa e o Corredor Internacional Terra-Mar, que conecta o oeste da China aos mercados globais.

Diante da instabilidade nos Estados Unidos e na Europa, especialmente com as tensões comerciais promovidas pelo governo Trump, a China pretende reforçar a estabilidade das cadeias globais de suprimentos. Wang enfatizou que Pequim não apenas expande seus mercados, mas busca uma integração global mais profunda, especialmente com países do Sul Global.

Em contraste com a postura norte-americana, a China reforça sua identidade como membro do Sul Global e usa sua posição no Conselho de Segurança da ONU para apoiar economias emergentes. Segundo Wang, a diplomacia chinesa adota uma abordagem centrada nas necessidades das populações, priorizando investimentos e assistência para países em desenvolvimento.

“Nosso foco está em uma política externa independente e pacífica, sem interferência nos assuntos internos de outras nações. Incentivamos cada país a escolher seu próprio caminho de desenvolvimento, com base em suas realidades específicas”, concluiu.

Dewey Sim
Repórter especializado em política externa chinesa no South China Morning Post

Data: 5 de março de 2025
Fonte: South China Morning Post

, , , ,
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!


Leia mais

Recentes

Recentes