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China define 5% de crescimento para 2025: o que pensam os investidores?

O governo chinês anunciou uma meta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 5% para 2025, uma previsão que tem gerado diferentes reações entre analistas e investidores. Os comentários do Global Times, portal ligado ao Partido Comunista da China, apontam otimismo sobre a capacidade do país de atingir esse objetivo, enquanto o […]

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Foto de WANG Zhao / AFP

O governo chinês anunciou uma meta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 5% para 2025, uma previsão que tem gerado diferentes reações entre analistas e investidores. Os comentários do Global Times, portal ligado ao Partido Comunista da China, apontam otimismo sobre a capacidade do país de atingir esse objetivo, enquanto o Financial Times, jornal financeiro internacional frequentemente crítico em relação à economia chinesa, destaca desafios estruturais e incertezas externas.

Visão do Global Times: confiança no crescimento econômico

Segundo o Global Times, o crescimento de 5% está alinhado com as condições econômicas atuais da China e pode ser alcançado, ainda que exija esforços contínuos. Shen Danyang, chefe da equipe que redigiu o Relatório de Trabalho do Governo, afirmou que a meta foi estabelecida após amplos estudos de campo, consultas com especialistas e análises das condições internas e externas.

O relatório do governo aponta que a economia chinesa segue uma trajetória de recuperação, impulsionada por políticas de estímulo anunciadas desde setembro de 2024. Em 2023, o PIB cresceu 5%, ultrapassando pela primeira vez 130 trilhões de yuans (US$ 17,82 trilhões). Esse desempenho positivo, segundo Shen, sustenta as expectativas de crescimento para este ano.

Fatores como a ascensão do setor de tecnologia – com destaque para inteligência artificial (IA) –, o crescimento do turismo e a recuperação do mercado imobiliário reforçam o otimismo. Indicadores como o Índice de Gerentes de Compras (PMI), o volume de vendas imobiliárias e a movimentação de contêineres em portos chineses mostram uma economia estável e em ascensão.

Além disso, o Global Times destaca que novas indústrias, como veículos elétricos, energia fotovoltaica e construção naval, colocam a China em posição de liderança global, atuando como motores do crescimento econômico. Embora setores como o imobiliário tenham sido um fator de risco no passado, há sinais de que seu impacto negativo está diminuindo.

Para alcançar os 5%, Pequim aposta em políticas macroeconômicas mais ativas e flexíveis. O governo estabeleceu um déficit fiscal de 4% do PIB, o maior em décadas, para financiar medidas de estímulo, e especialistas chineses acreditam que as políticas gradativas implementadas até agora continuarão a gerar resultados positivos.

Wu Chaoming, economista-chefe da Hunan Chasing Financial Holdings Co, afirmou ao Global Times que a meta de crescimento de 5% permitirá equilibrar expansão econômica com melhora na qualidade do desenvolvimento. “A estabilidade no crescimento e o fortalecimento da confiança empresarial são pré-requisitos para um desenvolvimento de alta qualidade”, disse.

Visão do Financial Times: ceticismo sobre desafios estruturais

Já o Financial Times, jornal internacional de viés crítico à China, destaca os desafios que o país pode enfrentar para alcançar a meta de crescimento. O periódico observa que a previsão chinesa de 5% para o PIB foi estabelecida em um contexto de crescentes tensões comerciais com os Estados Unidos, que recentemente impuseram novas tarifas sobre produtos chineses.

Analistas consultados pelo Financial Times apontam que os estímulos fiscais anunciados pelo governo ficaram abaixo das expectativas do mercado. O plano de investimentos públicos, que inclui 4,4 trilhões de yuans em títulos especiais de governos locais e 1,3 trilhão de yuans em títulos do governo central, foi considerado insuficiente para impulsionar a economia no curto prazo.

Outro ponto de preocupação, segundo o jornal britânico, é a pressão deflacionária. O governo reduziu sua meta de inflação para 2%, o menor nível desde 2003, o que indica um ambiente de crescimento fraco da demanda interna. A crise prolongada no setor imobiliário também segue como um fator limitante, embora o governo chinês afirme que há sinais de estabilização.

O Financial Times também destaca as tensões comerciais entre China e Estados Unidos como um risco para o crescimento. Desde que Donald Trump reassumiu a presidência dos EUA em janeiro, Washington aumentou tarifas sobre produtos chineses, enquanto Pequim retaliou com restrições a importações agrícolas e energéticas norte-americanas. Essa disputa pode afetar as exportações chinesas, uma peça fundamental para atingir a meta de 5%.

Outro fator mencionado pelo jornal é o aumento do orçamento militar chinês. O governo anunciou um crescimento de 7,2% nos gastos com defesa para 2025, totalizando 1,78 trilhão de yuans. Embora o valor esteja dentro da média dos últimos dez anos, especialistas apontam que os gastos reais podem ser muito superiores ao divulgado oficialmente, representando um desafio fiscal adicional.

Conclusão: um crescimento possível, mas com desafios

Enquanto o Global Times sustenta que a meta de 5% é realista e sustentada por avanços tecnológicos e políticas macroeconômicas ativas, o Financial Times vê obstáculos como tensões comerciais, riscos fiscais e dificuldades estruturais na economia chinesa.

Para investidores globais, a questão central é se a China conseguirá manter o equilíbrio entre crescimento econômico, estabilidade financeira e reformas estruturais. Se o governo for bem-sucedido na implementação de suas políticas de estímulo e na reestruturação de setores problemáticos como o imobiliário, a meta de 5% poderá ser alcançada. No entanto, se os desafios externos e internos se intensificarem, o crescimento pode ficar abaixo do esperado, reforçando as preocupações do mercado.

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