China aumenta meta de produção de grãos e expande orçamento de estoques agrícolas

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A China estabeleceu uma nova meta de produção de grãos para o ano de 2025, visando atingir cerca de 700 milhões de toneladas métricas, conforme anunciou o governo nesta quarta-feira.

O país também ampliou significativamente seu orçamento para estoques agrícolas, reforçando medidas para garantir a segurança alimentar diante de tensões comerciais e geopolíticas crescentes.

Em 2024, a China importou mais de 157 milhões de toneladas métricas de grãos e soja, consolidando-se como o maior importador mundial desses produtos.

Contudo, o país busca reduzir sua dependência de fornecedores como os Estados Unidos e o Brasil, os quais representam as principais fontes de suas importações agrícolas.

A meta revisada de produção de grãos para 2025 é uma atualização do objetivo anterior de 650 milhões de toneladas, estabelecido para 2024. Esse aumento ocorre após uma colheita recorde de 706,5 milhões de toneladas no ano passado.

Além disso, o orçamento de 2025 para o estoque de grãos, óleos comestíveis e outros materiais foi elevado em 6,1% em relação ao ano anterior, alcançando 131,66 bilhões de iuans, o equivalente a US$ 18,12 bilhões.

Outros 54,05 bilhões de iuans foram alocados para subsídios destinados a prêmios de seguro agrícola, visando fortalecer a produção nacional.

Em um relatório da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, o governo chinês afirmou que o país possui a base necessária para atingir essas metas por meio de uma estratégia voltada para a gestão eficiente das terras agrícolas, aumento da aplicação de tecnologia e um fortalecimento contínuo da capacidade de garantir a segurança alimentar.

Segundo Even Pay, analista agrícola da Trivium China, a meta de 2025 pode ser considerada modesta, dado o desempenho excepcional do ano anterior.

No entanto, a China tem planos ainda mais ambiciosos, com o objetivo de aumentar a produção em 50 milhões de toneladas até 2030, o que resultaria em uma colheita de aproximadamente 745 milhões de toneladas.

Além disso, o país tem intensificado seus esforços no apoio a setores como o de gado e laticínios, que têm enfrentado desafios devido a problemas de excesso de oferta.

Um relatório também destacou que a China avançará na construção e modernização de instalações de armazenamento para grãos, algodão, açúcar, carne e fertilizantes, além de melhorar a conectividade dessas instalações.

A pesquisadora Genevieve Donnellon-May, da Oxford Global Society, destacou que o aumento no orçamento de estoques faz parte de uma estratégia mais ampla da China para evitar que as reservas de alimentos caiam abaixo de um nível mínimo.

Esse movimento reflete os esforços de Pequim para se preparar para uma possível prolongada guerra comercial com os Estados Unidos, além de desafios geopolíticos cada vez mais complexos.

O aumento nas medidas de proteção da segurança alimentar surge em meio a uma intensificação das disputas comerciais da China.

Além dos embargos tarifários impostos pelos EUA, o país iniciou investigações sobre as importações de carne suína e laticínios da União Europeia e sobre as importações de canola do Canadá, relacionadas a disputas sobre tarifas de veículos elétricos fabricados na China.

No total, as importações agrícolas da China apresentaram uma queda de 8% em 2024, somando US$ 215 bilhões, de acordo com dados alfandegários.

Como parte de suas estratégias para reduzir a dependência de importações, a China tem incentivado práticas agrícolas mais sustentáveis, incluindo o uso de rações alternativas com baixo teor de proteína, como canola ou caroço de algodão, para a alimentação animal, diminuindo, assim, a demanda por grãos importados.

A China também anunciou que ampliará a cobertura do seguro agrícola para soja, incluindo seguros de custo total e de renda de produção. Esse incentivo visa estimular os agricultores a plantarem mais soja, um dos produtos agrícolas de maior demanda no país, do qual a China depende para suprir 80% de seu consumo.

Além disso, o governo chinês revelou planos para expandir o cultivo de sementes oleaginosas e estabilizar a produção de outros produtos como açúcar, algodão e borracha natural.

O aprimoramento das políticas de precificação de grãos também está na pauta do governo, incluindo a implementação de um sistema de preço mínimo de compra para arroz e trigo, de modo a garantir a estabilidade do mercado interno.

Essas medidas refletem uma busca da China por maior autossuficiência no setor agrícola, frente a desafios econômicos e políticos que afetam o comércio global de alimentos.

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