Smartphones chineses apostam na IA do Google para competir globalmente

Antônio Cruz / Agência Brasil

No MWC Barcelona 2025, grandes marcas chinesas de smartphones, como Xiaomi, Honor e Oppo, apresentaram seus mais recentes dispositivos com recursos de inteligência artificial (IA) desenvolvidos em parceria com o Google. O objetivo é competir com gigantes como Apple e Samsung no mercado global, mas os desafios incluem a falta de diferenciação e casos de uso convincentes.

As empresas destacaram funcionalidades como “apagadores de IA” para remover objetos indesejados em fotos e assistentes virtuais capazes de realizar tarefas, como reservar restaurantes. Esses recursos são baseados no modelo Gemini, da Google, escolhido por sua capacidade de integrar aplicativos populares, como YouTube, além de hardware e infraestrutura.

Nicole Peng, vice-presidente de pesquisa da Omdia e da Canalys, explicou que as fabricantes chinesas buscaram a Google como parceira para avançar no mercado internacional, seguindo o exemplo da Samsung. “No momento, não há muitas opções. A Google é a grande vencedora dessa tendência”, afirmou.

Durante o evento, Matt Waldbusser, diretor-geral de soluções globais e IA de consumo da Google Cloud, destacou como a integração do Gemini com smartphones chineses permite funcionalidades avançadas, como assistentes que operam em múltiplos aplicativos nativos sem necessidade de alternar entre eles.

No entanto, especialistas apontam que as inovações apresentadas ainda são muito semelhantes entre as marcas, focando principalmente em fotografia, produtividade e tradução. Bryan Ma, vice-presidente de pesquisa de dispositivos da IDC, observou que, nos primeiros dias do mercado de smartphones com IA, tem sido difícil para os fabricantes se diferenciarem.

A estratégia de parcerias com a Google reflete a busca das empresas chinesas por fortalecer sua presença internacional, especialmente diante da concorrência acirrada no mercado doméstico. Em 2024, a Huawei registrou um forte retorno, enquanto Oppo e Honor viram suas participações de mercado caírem na China.

Além dos desafios comerciais, as fabricantes enfrentam incertezas geopolíticas, especialmente com a nova administração dos EUA. Apesar disso, a intenção declarada de Washington de encerrar a guerra na Ucrânia tem encorajado as empresas chinesas a retomar esforços em mercados afetados pelo conflito.

Outro obstáculo é criar funcionalidades de IA que realmente agreguem valor aos consumidores e justifiquem preços mais altos. “Como os smartphones com IA podem trazer valor real aos usuários? As empresas ainda não descobriram isso”, disse Peng.

O setor aguarda para ver se os fabricantes conseguirão desenvolver casos de uso mais atraentes e conectar suas capacidades de IA a um ecossistema maior de desenvolvedores terceirizados em 2025.

Autor: Xinmei Shen
Data: 4 de março de 2025
Fonte: South China Morning Post (SCMP)

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