Nos últimos dois meses, o bilionário Elon Musk usou sua plataforma X para promover o partido de extrema-direita alemão Alternativa para a Alemanha (AfD), entrevistou sua líder e afirmou aos seus 219 milhões de seguidores que o partido era a “única esperança” do país. No entanto, seu apoio teve pouco impacto no resultado das eleições de 23 de fevereiro, em que o AfD ficou em segundo lugar, segundo análise da Reuters.
Apesar disso, Musk continua a promover causas de direita na Europa, possivelmente com o objetivo de influenciar políticas que reduzam regulamentações que ele considera prejudiciais à inovação tecnológica. Enquanto isso, as vendas da Tesla no continente caíram 45% em janeiro, em comparação com o ano anterior, enquanto as rivais cresceram mais de 37%.
O AfD, classificado como grupo extremista pela inteligência doméstica alemã, tornou-se o maior partido de oposição no país, refletindo uma tendência crescente de apoio à extrema-direita em toda a Europa. Partidos populistas agora governam ou compartilham o poder em países como Itália, Holanda e Hungria, impulsionados por questões como imigração, estagnação econômica e restrições à liberdade de expressão – temas frequentemente destacados por Musk em suas postagens.
Impacto nas vendas da Tesla
A queda nas vendas da Tesla na Europa coincide com a crescente associação de Musk com figuras e causas de extrema-direita. Dados preliminares de fevereiro indicam que a tendência de queda continua. Gerentes de frotas corporativas relataram que a participação da Tesla em suas frotas está estagnada ou em declínio, sinalizando tempos difíceis para a montadora.
Além disso, uma pesquisa realizada no Reino Unido mostrou que 59% dos proprietários ou potenciais compradores de veículos elétricos não considerariam a Tesla devido às opiniões de Musk. Campanhas anti-Tesla ganharam força nas redes sociais, com hashtags como #teslatakedown e #swasticars.
Objetivos políticos e regulatórios
Analistas sugerem que Musk pode estar buscando influenciar políticas europeias para reduzir regulamentações que afetam seus negócios. Damian Tambini, especialista em regulação de mídia da London School of Economics, afirmou que Musk tem o poder de “virar um país politicamente”, o que poderia alterar o equilíbrio de poder dentro da União Europeia (UE).
Musk enfrenta investigações da UE por possíveis violações da Lei de Serviços Digitais, que exige que plataformas como o X combatam conteúdo ilegal e desinformação. Ele também criticou publicamente as regulamentações europeias, chamando-as de “censura” e prejudiciais ao crescimento.
Amplificação de desinformação
A análise da Reuters revelou que Musk frequentemente compartilha informações não verificadas e amplifica contas de extrema-direita conhecidas por espalhar desinformação. Entre elas, está a conta de Peter Imanuelsen, que promove teorias da conspiração, e a de Tommy Robinson, um agitador de extrema-direita preso no Reino Unido.
Para especialistas, Musk está usando sua plataforma para projetar sua visão de mundo e mobilizar influenciadores de direita em uma batalha cultural contra o que ele chama de “esquerdismo restritivo”. No entanto, esse ativismo político parece estar custando caro à Tesla, que enfrenta concorrência crescente de marcas chinesas no mercado de veículos elétricos.
Autor: Andrew Macaskill, Andrew R.C. Marshall e Nick Carey
Biografia do autor: Andrew R.C. Marshall é repórter da Reuters em Londres, especializado em investigações políticas globais, direitos humanos e corrupção. Vencedor de três prêmios Pulitzer, ele é coautor de livros sobre temas como abusos de direitos humanos e conflitos políticos.
Data: 4 de março de 2025
Fonte: Reuters
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