Europa quer financiar gastos de guerra com aumento de suas dívidas públicas

Emmanuel Macron, Keir Starmer e Volodymyr Zelensk — Foto: JUSTIN TALLIS / POOL / AFP

Comissão Europeia propõe empréstimo conjunto de 150 bilhões de euros para defesa.

A Comissão Europeia propôs nesta terça-feira (4) um novo empréstimo conjunto de 150 bilhões de euros (US$ 157,76 bilhões) para financiar governos da União Europeia em projetos de defesa. A iniciativa faz parte de um plano mais amplo, estimado em 800 bilhões de euros, para fortalecer a capacidade militar do bloco.

A proposta surge em um momento de forte pressão para que os países europeus aumentem seus investimentos na área militar. O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos reforçou a necessidade de a Europa reduzir sua dependência da proteção americana.

Investimento para reforçar defesa europeia

De acordo com a Comissão Europeia, os recursos do empréstimo serão destinados a projetos de defesa como sistemas de mísseis e artilharia, drones e tecnologias de cibersegurança. O objetivo é reduzir custos, padronizar equipamentos entre os países do bloco e fortalecer a indústria europeia de defesa.

“Isso ajudará os Estados-membros a consolidar demandas e realizar compras conjuntas. Isso reduzirá custos, minimizará a fragmentação e fortalecerá nossa base industrial de defesa”, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Ela não especificou um prazo exato para a implementação do plano, mas enfatizou a urgência do aumento de gastos, tanto a curto prazo quanto ao longo da próxima década.

Discussão no Conselho Europeu e novas regras fiscais

Os líderes da União Europeia debaterão a proposta em uma cúpula especial sobre defesa marcada para esta quinta-feira (7). Além do empréstimo conjunto, a Comissão Europeia sugeriu que os investimentos em defesa sejam isentos dos limites fiscais impostos pelas regras orçamentárias do bloco.

Von der Leyen explicou que, se os países membros aumentassem os gastos com defesa em 1,5% do PIB, isso abriria um espaço fiscal de aproximadamente 650 bilhões de euros. Além disso, propôs que os fundos de coesão – tradicionalmente usados para reduzir desigualdades entre regiões da UE – também possam ser destinados a projetos de defesa.

Europa busca maior autonomia militar

Com todas essas medidas, os governos europeus poderiam mobilizar até 800 bilhões de euros para reforçar suas capacidades militares. Von der Leyen ressaltou que a UE está pronta para assumir mais responsabilidades em sua segurança.

“A Europa está preparada para cumprir seu papel. Podemos mobilizar quase 800 bilhões de euros para garantir um continente seguro e resiliente. Continuaremos trabalhando em estreita cooperação com nossos parceiros na OTAN. Este é o momento da Europa, e estamos prontos para agir”, declarou.

A notícia impulsionou o setor de defesa na bolsa de valores europeia. O índice Stoxx Europe Aerospace and Defence registrou alta após o anúncio.

Impacto da política de Trump na defesa europeia

A proposta da Comissão Europeia ocorre em meio a incertezas sobre o compromisso dos EUA com a OTAN. Trump tem pressionado os aliados europeus a aumentarem seus gastos com defesa para 5% do PIB – um patamar que nenhum membro da aliança, incluindo os próprios Estados Unidos, atinge atualmente.

Além disso, na última semana, Trump suspendeu a ajuda militar à Ucrânia após um desentendimento com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy, deixando os países europeus em alerta sobre como reagir à nova postura de Washington.

A proposta da Comissão Europeia sinaliza um passo decisivo para que a UE busque maior independência militar e garanta a segurança do bloco diante das mudanças na política internacional.

Por Reuters
4 de março de 2025

Redação:
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