A China anunciou nesta terça-feira, 4, a suspensão das licenças de importação de soja de três empresas norte-americanas, além de interromper as importações de madeira serrada dos Estados Unidos.
A medida, que faz parte de uma resposta crescente da China às tarifas impostas pelos EUA, eleva ainda mais as tensões comerciais entre os dois países.
O governo chinês afirmou que a suspensão das licenças afetou as empresas CHS Inc., Louis Dreyfus Company Grains Merchandising LLC e EGT, operadora de terminais de exportação de grãos. A decisão foi tomada após a detecção de cravagem e agente de revestimento de sementes na soja exportada pelos EUA.
Além disso, a suspensão das importações de madeira serrada dos EUA ocorreu devido à presença de vermes, aspergillus e outras pragas nas cargas. As autoridades chinesas não detalharam os volumes exatos das importações suspensas.
Essas ações retaliatórias seguem a imposição de tarifas adicionais pelos Estados Unidos sobre produtos chineses.
Na terça-feira, a administração do presidente Donald Trump anunciou uma tarifa de 10% sobre uma série de produtos chineses, o que elevou o custo de diversos itens em mais de 20% no mercado dos EUA. Em resposta, Pequim adotou novas medidas que afetam diretamente os exportadores americanos, especialmente no setor agrícola.
Além das suspensões de importação, a China impôs uma série de tarifas adicionais sobre produtos dos Estados Unidos no valor de US$ 21 bilhões, afetando uma gama de commodities, incluindo soja, trigo, carne, algodão e outros produtos agrícolas.
A tarifa extra sobre a soja, por exemplo, foi fixada em 10%, enquanto outros produtos como sorgo, carne suína, carne bovina, frutos do mar, frutas, legumes e laticínios tiveram uma tarifa adicional de 10% a partir de 10 de março.
As três empresas afetadas pela suspensão das licenças de importação, incluindo a gigante global de grãos Louis Dreyfus e a cooperativa agrícola CHS Inc., não responderam prontamente aos pedidos de comentários sobre as medidas. A gigante Bunge Global, que tem participação na EGT, também não comentou sobre o caso até o momento.
A decisão chinesa ocorre em meio a uma crescente escalada de tarifas e contra-tarifas entre os dois países. Em 1º de março, o presidente Donald Trump ordenou uma investigação comercial sobre as importações de madeira serrada dos EUA, declarando anteriormente que planejava aplicar uma tarifa de 25% sobre esses produtos.
Como resposta, a China suspendeu a importação da madeira serrada, que é uma das principais exportações agrícolas dos Estados Unidos para o mercado chinês.
A China é um dos maiores importadores de produtos de madeira do mundo e ocupa o terceiro lugar entre os destinos da madeira serrada dos EUA. Em 2024, o país importou cerca de US$ 850 milhões em produtos madeireiros dos Estados Unidos, segundo dados da alfândega chinesa.
As novas tarifas e suspensões de importação reforçam o impacto nas exportações agrícolas dos EUA, especialmente no setor de soja, que representa uma parte significativa do comércio entre os dois países.
A China é responsável por cerca de metade das exportações de soja dos Estados Unidos, totalizando quase US$ 12,8 bilhões em 2024, de acordo com o US Census Bureau. Com as novas tarifas e a suspensão de licenças de importação, as exportações de soja para a China deverão sofrer uma queda significativa nos próximos meses.
O impacto das novas tarifas também afeta diretamente os agricultores norte-americanos, que enfrentam um cenário de preços mais baixos e acesso restrito aos mercados internacionais.
A imposição de tarifas mais altas sobre produtos como milho, trigo, frango e algodão também prejudica a competitividade dos exportadores dos EUA, que devem buscar novos mercados para mitigar as perdas.
Com a intensificação das medidas retaliatórias, a guerra comercial entre os dois países não mostra sinais de trégua.
A decisão de Trump de aplicar tarifas extras sobre a China é vista como parte de uma estratégia mais ampla para pressionar o governo chinês a fazer concessões comerciais, especialmente em relação à propriedade intelectual e práticas comerciais desleais.
Por outro lado, a China tem respondido com medidas similares, visando proteger seus interesses econômicos e pressionar os EUA a revisar suas políticas tarifárias.
A sequência de ações econômicas adotadas por ambos os lados tem gerado incertezas nos mercados internacionais, com o impacto principalmente nos setores agrícolas e manufatureiros.
As tensões comerciais entre os EUA e a China têm sido um fator central no comércio global nos últimos anos, e a continuidade das tarifas pode agravar ainda mais as condições econômicas de ambos os países.
A suspensão das licenças de importação de soja e madeira serrada é um reflexo da escalada contínua da disputa, com implicações significativas para o comércio internacional e para os agricultores e produtores que dependem desses mercados.
Com informações da Reuters