China planeja respostas a tarifas dos EUA relacionadas ao Fentanil

CHARLY TRIBALLEAU, Elvis Barukcic / AFP

A China está avaliando contramedidas diante da ameaça dos Estados Unidos de impor uma tarifa adicional de 10% sobre produtos chineses, com base na alegada crise do fentanil. A informação foi divulgada pelo jornal Global Times, que citou uma fonte anônima a par do assunto.

De acordo com a fonte, as retaliações da China podem incluir tanto tarifas como restrições não tarifárias, com foco em produtos agrícolas e alimentícios dos Estados Unidos. A fonte alertou: “Se os Estados Unidos insistirem em impor tarifas unilaterais e formalizarem tais medidas, a China certamente responderá com contramedidas fortes e efetivas”.

O anúncio das tarifas foi feito pelo presidente Donald Trump em uma postagem nas redes sociais, na última quinta-feira. Trump declarou que, a partir de 4 de março, os Estados Unidos aplicarão tarifas sobre produtos do Canadá e do México, e também sobre a China, que será taxada em 10%, conforme reportado pela Associated Press.

A decisão gerou reações imediatas de autoridades chinesas. Em resposta à medida, um porta-voz do Ministério do Comércio da China (MOFCOM) defendeu a postura do país no combate ao narcotráfico.

Ele destacou que a China é rigorosa no enfrentamento do problema, tanto em termos de políticas públicas como na execução dessas políticas, e que colabora com vários países, incluindo os Estados Unidos, na luta contra o fentanil.

O porta-voz afirmou ainda que tentar transferir a responsabilidade do problema para outros países não resolverá a situação interna dos Estados Unidos, além de acarretar mais custos para empresas e consumidores norte-americanos, prejudicando também a estabilidade da cadeia industrial global.

“A China espera que os Estados Unidos não repitam seus erros e retornem rapidamente ao caminho do diálogo equitativo para resolver as diferenças. Se os EUA insistirem em seguir nesse rumo, a China adotará todas as contramedidas necessárias para proteger seus direitos e interesses legítimos”, declarou.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, também se manifestou contra a medida.

“A China deplora firmemente e se opõe veementemente a essa medida e tomará as providências necessárias para defender seus interesses”, afirmou Lin em uma coletiva de imprensa.

Ele reforçou que usar a questão do fentanil como forma de pressão política contra a China será contraproducente, afetando negativamente o diálogo e a cooperação entre os dois países, especialmente nas áreas de combate às drogas.

As tensões comerciais entre China e Estados Unidos têm se intensificado desde o governo de Trump, quando Washington impôs tarifas sobre centenas de bilhões de dólares em produtos chineses.

Em resposta, Pequim adotou medidas semelhantes, impactando principalmente os setores de agricultura e manufatura nos Estados Unidos. A possibilidade de novas tarifas pode reascender as disputas comerciais e aumentar a incerteza nos mercados globais.

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