Ciro Nogueira sinaliza que governo Lula pode sofrer desembarque do PP

AGÊNCIA SENADO

O senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional do Progressistas, afirmou que o partido pode abandonar o governo Lula caso não ocorra uma “mudança radical de rumos” na administração federal.

Durante entrevista à Folha, Nogueira criticou principalmente a estratégia de comunicação do governo, citando o ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Sidônio Palmeira, e a exposição excessiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para o senador, essa forma de gestão tem prejudicado a imagem do governo.

“Se o governo não tiver uma mudança radical agora, de rumos para o país, não tem como nem a gente, daqui a pouco, permitir que os membros do partido participem desse governo”, declarou Nogueira, que ocupou o cargo de ministro da Casa Civil no governo Bolsonaro.

Além disso, Nogueira mencionou que o ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA), pode deixar o cargo, embora enfatize a necessidade de manter a governabilidade para uma transição tranquila ao próximo presidente.

Críticas à Comunicação de Lula

O senador fez duras críticas à atuação de Sidônio Palmeira na comunicação do governo. Segundo Nogueira, a exposição excessiva de Lula tem sido prejudicial à sua imagem.

“Quem está acabando com o Lula é o Sidônio, a exposição dele. O cara fala 20 minutos, aí uma derrapada é o que mais vai para a internet”, afirmou o senador, comparando a situação atual com a do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Nogueira ressaltou que, durante a campanha eleitoral, o aumento da exposição de Bolsonaro teve um efeito negativo sobre sua imagem.

Sobre a permanência do PP no governo, Nogueira se mostrou enfático. “Defendo que nem tivesse entrado. Foi um erro. É um governo completamente ultrapassado, com o presidente isolado, sem vontade de tomar as decisões que o país precisa”, declarou o senador. Ele também descartou a possibilidade de o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) integrar o governo, afirmando: “Se depender de mim, não.”

Pressões Internas e Futuro Político

O senador revelou que já conversou com André Fufuca sobre a possibilidade de ele deixar o governo. “Já, eu disse que estou sendo pressionado”, contou Nogueira, embora tenha admitido que uma saída repentina do PP poderia desestabilizar o governo, pois outros partidos do centrão, como União Brasil e Republicanos, poderiam seguir a mesma trajetória.

Perspectivas para as Eleições de 2026

Ciro Nogueira também abordou o cenário eleitoral para 2026, especialmente no que diz respeito à situação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível no momento.

O senador acredita que Bolsonaro pode reverter sua inelegibilidade e afirmou que ele seria o nome mais forte para a direita. “Jair Bolsonaro”, respondeu Nogueira, quando questionado sobre o melhor nome para a disputa presidencial.

Caso Bolsonaro não possa concorrer, Nogueira indicou que o ex-presidente terá que definir rapidamente um sucessor. Ele mencionou os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Ratinho Júnior (PSD-PR), além da ex-ministra Tereza Cristina (PP-MS) e dos filhos Flávio e Eduardo Bolsonaro.

“Se Bolsonaro marchar para ser candidato até o final, é porque ele vai colocar um dos filhos”, afirmou o senador.

Além disso, Nogueira ironizou a possibilidade de Lula tentar a reeleição, afirmando que o presidente não quer terminar sua trajetória política com uma derrota.

“Lula não vai perder a última eleição da vida dele e ser lembrado para a história por uma derrota. [Fernando] Haddad já está escolhido”, afirmou, sugerindo que o atual ministro da Fazenda seria o candidato do PT em 2026.

Golpe de 2022 e Investigações Contra Bolsonaro

O senador também se manifestou sobre a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que o citou como parte de um grupo que questionava os resultados das eleições de 2022.

Nogueira negou qualquer envolvimento e afirmou que trabalhou para convencer Bolsonaro a aceitar a transição de poder. “Acho impossível um ministro tão presente no dia a dia do presidente não ver o movimento de um golpe militar”, disse o senador.

Em relação às investigações contra Bolsonaro, especialmente sobre fraudes no cartão de vacinação e o caso das joias sauditas, Nogueira minimizou as acusações.

“Pelo amor de Deus, vamos virar a página. Ninguém aguenta mais a mídia com esse discurso para tentar tirar o foco dos problemas do país”, afirmou, defendendo a necessidade de a mídia se concentrar em questões mais relevantes para o momento atual.

Nogueira também criticou a possibilidade de prisão de Bolsonaro, afirmando que não há provas concretas contra o ex-presidente. “Se ele tiver um julgamento justo, não tem como prender por isso. E seria muito ruim para o Brasil se isso acontecesse”, disse o senador.

Ele questionou a credibilidade das denúncias feitas por comandantes das Forças Armadas sobre supostos planos golpistas de Bolsonaro, afirmando: “Por que não denunciaram isso na época? É muito engraçado eles agora vindo com esse tipo de coisa.”

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