Professora da University College London é uma das principais referências da área econômica na atualidade
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) recebeu, nesta terça-feira (18), a professora PhD de Economia da Inovação e Valor Público da University College London, Mariana Mazzucato, que ministrou a aula magna “Crescimento econômico sustentável, inclusivo e impulsionado pela inovação no Brasil: uma abordagem orientada por missões”.
Considerada uma das grandes economistas da atual geração, Mazzucato abordou novas formas de pensar o Estado e sua relação com os setores público e privado, defendendo a concepção de políticas orientadas por missões e o desenvolvimento de capacidades estatais para alcançar objetivos estabelecidos. A ação foi promovida em parceria com a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e com o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), como parte da Semana de Contratações Públicas e Desenvolvimento.
A presidenta do Ipea, Luciana Mendes Santos Servo, abriu o evento e ressaltou o quanto essa nova forma de olhar o Estado – de maneira interdisciplinar, como conjunto e a partir das relações que estabelece com a sociedade e o setor privado – é importante à instituição, que tem a missão de qualificar o debate público e assessorar para que as políticas sejam mais efetivas.
O diretor de pós-graduação e pesquisa da Enap, Alexandre Gomide, destacou que a Escola desenvolveu um programa de aprendizado em parceria com o instituto presidido por Mariana Mazzucato (Institute for Innovation and Public Purpose), que traz formas diferentes de pensar a Economia e como o Estado deve se organizar para implementar políticas públicas inovadoras.
Governança
Mazzucato ressaltou que o mercado é o resultado de como é feita a governança de instituições públicas e privadas. Se o valor é gerado coletivamente, é preciso pensar em um modelo diferente do tradicional, que compartilha os riscos e privatiza as recompensas. “Crescimento é resultado de um processo que catalisa o investimento público e privado”, afirmou.
Políticas orientadas por missões
A economista defendeu que as políticas estruturantes sejam orientadas por missões e não por setores e projetos. Missões devem ser inspiracionais; ambiciosas e realistas; intersetoriais e interdisciplinares; apontarem uma direção clara; e conduzirem a múltiplas soluções de baixo para cima.
Bem comum
Na aula, foi abordado um novo conceito para o bem comum, com foco não apenas no “o quê”, mas também no “como”. Ele tem cinco pilares: propósito e direcionalidade; co-criação e participação; aprendizado coletivo e compartilhamento de conhecimento; acesso para todos; e compartilhamento de recompensas; transparência e accountability.
Capacidades estatais
De acordo com a economista, para direcionar economias para o bem comum e alcançar metas ambiciosas, como as climáticas, é preciso redesenhar e revitalizar a estrutura do Estado, desenvolvendo uma burocracia criativa, mais flexível, ágil e horizontal. “A capacidade dinâmica do Estado é tão importante quanto a do setor privado”, declarou Mazzucato. Segundo ela, a participação social também é fundamental.
Publicado originalmente pelo Ipea em 18/02/2025
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