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Lula perde 11 pontos em pesquisa CNT/MDA

A Confederação Nacional do Transporte (CNT), em parceria com o Instituto MDA, divulgou a 163ª rodada de sua pesquisa de opinião em fevereiro de 2025. Os resultados indicam mudanças significativas na avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), revelando uma queda sensível em seus índices de popularidade. A sondagem foi realizada […]

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07.01.2025 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante sanção do Projeto de Lei nº 1970/2019, que institui a Política Nacional para o Manejo Sustentável, Plantio, Extração, Consumo, Comercialização e Transformação do Pequi e demais Frutos e Produtos Nativos do Cerrado. Palácio do Planalto - Brasília - DF. Foto: Ricardo Stuckert / PR

A Confederação Nacional do Transporte (CNT), em parceria com o Instituto MDA, divulgou a 163ª rodada de sua pesquisa de opinião em fevereiro de 2025. Os resultados indicam mudanças significativas na avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), revelando uma queda sensível em seus índices de popularidade. A sondagem foi realizada entre os dias 19 e 23 de fevereiro de 2025, com 2.002 entrevistas presenciais domiciliares em todas as regiões do país, e apresenta margem de erro de 2,2 pontos percentuais, com nível de confiança de 95%. Abaixo, apresentamos os principais destaques e análises sobre esses números, as possíveis causas para a queda de popularidade e as implicações para o cenário político nacional.

A pesquisa mostra que a avaliação positiva (soma de “ótimo” e “bom”) do governo Lula caiu de 35% para 29% em relação à rodada anterior, divulgada em novembro de 2024. Paralelamente, a avaliação negativa (soma de “ruim” e “péssimo”) saltou de 31% para 44%. Os números chamam a atenção por representar uma inversão na tendência registrada em meados de 2024, quando o governo ainda mantinha uma posição relativamente equilibrada entre avaliação positiva e negativa. Especialistas apontam que o desgaste acumulado em questões econômicas e o aumento dos preços de alimentos foram decisivos para esse declínio.

Outro dado que chama a atenção é o desempenho pessoal do presidente. A aprovação de Lula, no âmbito individual, situa-se em 40%, o que representa uma queda de dez pontos percentuais se comparado aos 50% registrados em novembro de 2024. Em contrapartida, sua desaprovação subiu para 55%, nove pontos acima do patamar anterior. Esse indicador de aprovação pessoal frequentemente reflete a confiança do eleitorado na liderança e na capacidade do presidente de enfrentar crises e conduzir o país. Portanto, a queda de popularidade sinaliza um desafio não apenas de imagem, mas também na percepção de que as políticas públicas adotadas pelo governo não estariam entregando os resultados esperados, sobretudo no controle da inflação.

De acordo com a pesquisa, a percepção de piora é particularmente forte nas áreas de economia e segurança. A economia é apontada por 32% dos entrevistados como a área de pior desempenho do governo nesses dois primeiros anos de mandato, seguida por segurança (20%) e saúde (13%). Já os melhores resultados foram registrados na ajuda aos mais pobres (22%), educação (13%) e relações internacionais (11%). Apesar do reconhecimento de algumas conquistas sociais e diplomáticas, a crescente preocupação com o custo de vida pesa mais no humor dos brasileiros neste momento.

A sondagem também levantou expectativas da população para os próximos seis meses quanto a emprego, renda, saúde, educação e segurança. Em todos esses aspectos, o pessimismo aumentou em relação à pesquisa anterior. Especialmente no tocante a emprego e saúde, mais pessoas acreditam que a situação vai piorar do que melhorar. Esse sentimento reflete o temor de que a recuperação econômica possa não ser suficiente para gerar vagas de trabalho com a rapidez necessária, além de persistir a sensação de que o sistema de saúde ainda enfrenta gargalos graves, sobretudo depois do período de fortes impactos no setor nos últimos anos.

Outro ponto de destaque está na percepção de alta de preços. A maioria dos entrevistados afirma sentir que o valor dos produtos básicos do dia a dia subiu acima dos índices oficiais de inflação, com menções mais recorrentes a itens como café, carnes e grãos em geral. Quando questionados sobre o maior responsável pelos aumentos, as respostas se dividiram entre o governo federal e fatores externos, como a conjuntura internacional e os custos de produção. Ainda assim, a população avalia que cabe ao governo encontrar medidas para controlar a alta, principalmente por meio de políticas de incentivo à produção e de combate à inflação.

No que diz respeito ao cenário eleitoral para 2026, a pesquisa CNT/MDA identificou um empate técnico na intenção de voto estimulada entre Lula e Jair Bolsonaro (PL), com 30,3% e 30,1%, respectivamente. Isso sugere que, apesar da queda de popularidade do presidente, o eleitorado brasileiro permanece polarizado, em grande parte dividido entre estes dois polos. Em simulações de segundo turno, também há empates técnicos envolvendo Lula, Bolsonaro, Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos). Esse dado aponta para a manutenção de um ambiente político polarizado e incerto.

A sondagem ainda mostra que 35% dos entrevistados preferem um candidato que não esteja ligado nem a Lula nem a Bolsonaro, indicando uma fatia relevante do eleitorado que procura por alternativas distintas. Por outro lado, 31% afirmaram manter alinhamento com Bolsonaro e seu grupo político, enquanto 29% estão mais próximos de Lula e seu entorno. Esses números ilustram não apenas um cansaço de parte da população em relação à polarização, mas também o desafio para um eventual “terceiro caminho” se consolidar como viável eleitoralmente, seja em 2026 ou em pleitos subsequentes.

Entre as características pessoais mais citadas sobre Lula, surgem aspectos positivos como “cuidar dos mais pobres” e “buscar o bem do país”. Entretanto, também foram mencionados defeitos, como “desonestidade” e “preocupação excessiva com reeleição”. A imagem do presidente, segundo o levantamento, sofre críticas quanto à efetividade de seu discurso, visto por muitos como “ultrapassado”. Além disso, parte do eleitorado avalia que a condução do país não está no caminho certo.

Em relação às denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro em uma suposta tentativa de golpe de Estado, 56% dos entrevistados acreditam que ele teve algum grau de participação nos fatos. Já 45% consideram que, ao final do processo, Bolsonaro será absolvido, enquanto 41% acreditam que ele será condenado. O levantamento ainda aponta que a maioria das pessoas vê motivação política nessas denúncias, o que reforça a tese de que as disputas ideológicas e judiciais continuam a marcar o cenário brasileiro.

Outra informação importante refere-se à exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. A pesquisa mostra que 49,7% dos participantes se dizem contrários a esse projeto, citando principalmente questões ambientais e a necessidade de proteger a biodiversidade regional. Já 20,8% se manifestaram a favor, por enxergarem aí uma oportunidade de geração de empregos e incremento de receita. Esse tema, portanto, tende a permanecer no centro do debate, sobretudo por tocar em pontos sensíveis como desenvolvimento econômico versus preservação do meio ambiente.

Quando a pesquisa se volta para a avaliação de Câmara dos Deputados e Senado Federal, o sentimento majoritário é de que as propostas políticas no Brasil pouco se renovam, e que os parlamentares não estariam trabalhando de forma efetiva para resolver os problemas mais urgentes do país. Neste contexto, lideranças governistas e oposicionistas enfrentam dificuldades para avançar em pautas de interesse popular, o que pode criar um clima de frustração generalizada no eleitorado.

Sobre o poder local, a pesquisa traz dados acerca da percepção dos cidadãos em relação aos governos estadual e municipal. De modo geral, há variações de avaliação conforme a região do país, mas a CNT/MDA destaca um quadro em que 38,8% consideram seus governadores como “positivos” ou “ótimos/bons” e 21,3% classificam seus prefeitos nessa mesma categoria. Ou seja, a insatisfação não se limita ao âmbito federal, ainda que a tendência de queda de popularidade seja particularmente acentuada no caso do governo Lula.

Outro ponto interessante é a participação da primeira-dama Janja no governo. Parte dos entrevistados afirma que ela ajuda o presidente em suas iniciativas, enquanto outro grupo considera que sua presença e interferências em certas pautas podem atrapalhar, sobretudo ao dar margem a críticas de que estaria atuando além de um papel meramente simbólico.

A pesquisa também aborda a intenção de voto espontânea para 2026, ou seja, quando os entrevistados podem citar qualquer nome, sem lista de candidatos fornecida pelo pesquisador. Neste quesito, Lula tem 24% das menções, Bolsonaro registra 20%, e há menções difusas a nomes como Tarcísio de Freitas, Pablo Marçal, Ciro Gomes e Nikolas Ferreira, além de expressiva parcela que ainda não se decidiu (41%) ou que optaria por anular (8%).

Do ponto de vista metodológico, a sondagem busca representatividade nacional, distribuindo proporcionalmente as entrevistas por cada região, estado e, dentro dos municípios, segmentando por gênero, idade, renda familiar e nível de instrução. Tal cuidado na amostra reforça a credibilidade do levantamento, mas não elimina a margem de erro nem as incertezas naturais dos cenários políticos e eleitorais, que podem mudar à medida que novas conjunturas econômicas, políticas e sociais se desenrolem.

Em suma, a 163ª Pesquisa CNT de Opinião expõe um desafio complexo para o governo Lula na segunda metade de seu mandato. Se, por um lado, há uma percepção positiva em relação a políticas de amparo social e conquistas diplomáticas, por outro, pesam as críticas referentes à condução econômica, ao aumento dos preços e à falta de resultados práticos no campo da segurança pública. A queda de 11 pontos percentuais na avaliação positiva do presidente e a perspectiva de um pleito de 2026 cada vez mais competitivo ilustram que a popularidade não é estática e depende, sobretudo, da capacidade do governo de melhorar a vida do cidadão comum.

Com o país envolto em tensões políticas, denúncias contra lideranças passadas e um eleitorado que demonstra cansaço em relação à polarização, o presidente e seus aliados terão de investir em uma agenda de resultados concretos para reverter as percepções negativas e manter vivas as chances de reeleição em 2026. A população, por sua vez, aguarda sinais claros de controle da inflação, geração de empregos, redução da violência e melhoria dos serviços públicos. Caso o Planalto não consiga entregar esses avanços de forma mais célere, tende a enfrentar um cenário de desgaste ainda maior, dando espaço para que nomes de oposição ou alternativas de “terceira via” ganhem força.

Diante de tudo isso, a pesquisa CNT/MDA revela não apenas números, mas um retrato de insatisfação crescente que pode influenciar os rumos do país nos próximos meses. As reações do governo e da classe política como um todo, bem como a resposta da economia em tempos incertos, formarão o pano de fundo para as eleições vindouras e para o futuro da atual gestão.

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