A maior fabricante de semicondutores da China, a Semiconductor Manufacturing International Corp (SMIC), registrou uma queda significativa em seus lucros de 2024, refletindo o impacto das crescentes tensões comerciais entre Pequim e Washington.
De acordo com um relatório divulgado na Bolsa de Valores de Hong Kong, o lucro líquido não auditado da empresa no ano passado foi de US$ 492,7 milhões, representando uma queda de 45,4% em relação aos US$ 902,5 milhões registrados em 2023. A empresa atribuiu essa redução principalmente à diminuição da receita com investimentos e retornos financeiros.
No último trimestre de 2024, a SMIC também sofreu uma queda expressiva no lucro, com um recuo de 38,4% em comparação ao mesmo período do ano anterior, totalizando US$ 107,6 milhões.
Crescimento na receita, mas desafios persistem
Apesar da queda no lucro, a SMIC registrou um crescimento de 31,5% na receita do quarto trimestre, alcançando US$ 2,2 bilhões. No acumulado do ano, a receita total foi de US$ 8 bilhões, um aumento em relação aos US$ 6,3 bilhões de 2023.
Para o primeiro trimestre de 2025, a empresa prevê um crescimento sequencial de 6% a 8% na receita e projeta um desempenho superior à média do setor ao longo do ano, desde que não ocorram mudanças significativas no ambiente externo.
Pressão das sanções dos EUA
Os resultados da SMIC refletem a pressão das sanções dos Estados Unidos, que vêm restringindo o acesso da China a tecnologias avançadas de semicondutores. Washington, em parceria com seus aliados, impôs limitações rigorosas à exportação de chips de última geração e dos equipamentos necessários para sua fabricação.
Os semicondutores tornaram-se um elemento essencial da economia global, sendo utilizados em eletrodomésticos, smartphones, veículos elétricos e sistemas de inteligência artificial. A disputa por chips de alto desempenho para IA tem sido um dos principais pontos de atrito entre China e EUA.
Especialistas apontam que a China ainda está atrasada em relação aos Estados Unidos na fabricação de chips de ponta, mas o lançamento de modelos avançados de inteligência artificial (IA) pela startup chinesa DeepSeek sugere que as restrições americanas não foram completamente eficazes. A capacidade das empresas chinesas de desenvolver tecnologias de IA pode, no longo prazo, aliviar a dependência de semicondutores importados.
Impacto da política externa e concorrência com a TSMC
O setor de semicondutores pode enfrentar desafios adicionais em 2025, especialmente com o possível retorno de Donald Trump à presidência dos EUA, o que poderia intensificar as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.
Apesar dos bilhões de dólares investidos por Pequim para fortalecer sua indústria de chips, a China ainda está atrás da Taiwan Semiconductor Manufacturing Co (TSMC), maior fabricante mundial de semicondutores. A TSMC é responsável por mais de 50% da produção global e continua expandindo sua liderança. No último trimestre de 2024, a empresa superou expectativas, registrando um crescimento de 57% no lucro líquido em relação ao mesmo período do ano anterior.
Diante desse cenário, a SMIC enfrenta o desafio de manter sua competitividade e continuar avançando no desenvolvimento de semicondutores de alta tecnologia, enquanto lida com as barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos.
Agence France-Presse
South China Morning Post
Publicado em 11 de fevereiro de 2025
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