A Turquia se mostrou aberta a atuar como garante de segurança na Ucrânia, apoiando negociações lideradas pelos EUA e gerando reações divergentes na Europa
A Turquia está aberta a fornecer garantias de segurança para a Ucrânia como parte de um acordo final com a Rússia para encerrar a guerra, disse o ministro das Relações Exteriores turco nesta segunda-feira (24) durante uma coletiva de imprensa com seu colega russo.
Hakan Fidan disse que a Turquia, como uma questão de princípio, está pronta para tomar qualquer passo que possa contribuir para a paz, já que a guerra Rússia-Ucrânia marca seu terceiro aniversário esta semana. No entanto, ele acrescentou que Ancara precisa ver como as negociações evoluem antes de fazer um compromisso final.
“Depois de fazermos os preparativos técnicos necessários sobre esse assunto, [o presidente Recep Tayyip Erdogan] tomará a decisão necessária”, disse ele. “Mas, por enquanto, estamos acompanhando de perto as discussões e reuniões.”
Fidan também revelou que Ancara apoia a nova iniciativa de paz do presidente dos EUA, Donald Trump, para manter negociações diretas com a liderança russa, que excluiu a Ucrânia durante o primeiro turno na semana passada em Riad.
O ministro das Relações Exteriores turco disse que Ancara vê a iniciativa americana como tendo uma abordagem “orientada para resultados” e acredita que uma solução só pode ser alcançada por meio de negociações nas quais ambos os lados participem.
“Estamos prontos para fornecer todo tipo de apoio para o estabelecimento da paz por meio do diálogo”, disse ele.
O Ministro das Relações Exteriores da Rússia Sergey Lavrov, por outro lado, afirmou que a Ucrânia se recusou a assinar um rascunho de acordo de paz em Istambul em março de 2022 após pressão do Reino Unido e outros aliados ocidentais. Ele acrescentou que o acordo também incluiu garantias de segurança dos membros do Conselho de Segurança da ONU, Alemanha e Turquia.
“Foi delineado como isso funcionaria. Na verdade, o próprio lado ucraniano formulou essas garantias”, disse Lavrov. “Mas o Ocidente proibiu isso.”
De acordo com um rascunho do tratado de paz, a Rússia na época não concordou que a Turquia fosse fiadora.
Os comentários de Lavrov na segunda-feira indicam, no entanto, que Moscou está aberta a que Ancara seja uma das garantidoras da segurança.
Apesar das preocupações nas capitais europeias sobre a postura agressiva de Trump em relação à Ucrânia e seu presidente, Volodymyr Zelensky, autoridades turcas acreditam que as negociações podem, em última análise, levar a discussões sérias. Ancara há muito defende conversas diretas envolvendo todas as partes.
Os comentários de Trump levaram alguns líderes europeus a reconsiderar seu relacionamento com Washington. No início deste mês, o presidente francês Emmanuel Macron convocou uma cúpula europeia para discutir a crise – excluindo Ancara.
Desde o início da guerra, a Turquia tem mantido um equilíbrio delicado entre os dois lados, recusando-se a aderir às sanções internacionais enquanto permite que visitantes russos viajem para o país. O comércio bilateral tem continuado em grande parte, apesar de algumas dificuldades de transação financeira por causa das sanções ocidentais.
Com informações de Middle East Eye