Nas eleições realizadas ontem, os eleitores alemães sinalizaram uma mudança histórica na política do país, com a centro-direita e a extrema-direita se tornando as duas maiores forças políticas.
As pesquisas de boca de urna indicaram que a coalizão entre a União Democrata Cristã (CDU) e a União Social Cristã (CSU), liderada por Friedrich Merz, será a mais votada, com 28,5% dos votos. O resultado marca uma transição significativa após os anos de liderança da ex-chanceler Angela Merkel.
Friedrich Merz, agora à frente da CDU/CSU, iniciará imediatamente as negociações para a formação de um novo governo, que substituirá o atual governo do social-democrata Olaf Scholz, de centro-esquerda. Merz, de 69 anos, deve liderar o país em um contexto de crescente polarização política.
A expectativa é que o novo governo adote uma agenda conservadora, embora a coalizão precise buscar apoio de outros partidos para garantir a governabilidade.
O comparecimento eleitoral foi recorde, com 83,5% dos eleitores indo às urnas, o maior índice desde a reunificação da Alemanha em 1990. Analistas apontaram que esse alto nível de participação pode ser um dos fatores que contribuiu para a fragmentação do Bundestag, o Parlamento alemão, o que deve resultar em um cenário político mais fragmentado e desafiador para a formação de maiorias.
Além da vitória da centro-direita, outro grande destaque foi o desempenho do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), uma sigla de extrema-direita que registrou um aumento expressivo em sua votação. O AfD obteve 20,8% dos votos, mais do que dobrou sua participação em relação às eleições de 2021.
Esse é o melhor resultado de um partido radical na Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o que gerou reações de outros partidos e de setores da sociedade que consideram o AfD como uma ameaça ao regime democrático.
O crescimento do AfD ocorreu, em parte, com o apoio de figuras como o bilionário Elon Musk, que se manifestou a favor do partido durante a campanha.
Apesar do desempenho impressionante, o AfD não conseguirá formar governo, e a CDU/CSU, sob a liderança de Merz, já deixou claro que não pretende governar em coalizão com o partido de extrema-direita.
Dessa forma, o AfD deve se consolidar como a maior força de oposição no Parlamento, um papel que promete ampliar sua influência política, mas que também enfrentará resistência das demais siglas.
O resultado das eleições reflete um momento de grande transformação política na Alemanha, com um movimento em direção a posições mais conservadoras e polarizadas, algo que deve ter implicações significativas tanto para a política interna do país quanto para suas relações com a União Europeia e o cenário internacional.
O governo que se formará nos próximos dias terá como desafio lidar com essa nova configuração política e com as crescentes tensões entre os partidos mais tradicionais e os grupos de extrema-direita.
Com informações do Globo