Ódio contra asiáticos aumenta nos EUA

O ódio contra asiáticos aumenta e atinge níveis alarmantes, impulsionado por discursos xenofóbicos e políticos extremistas nos EUA

O ódio contra asiáticos aumentou significativamente desde as eleições presidenciais de 2024, de acordo com dados divulgados por uma organização sem fins lucrativos que monitora insultos online e ameaças de violência contra asiáticos americanos e ilhéus do Pacífico (AAPI, na sigla em inglês).

A Stop AAPI Hate, a maior organização dos EUA que rastreia esses dados, afirma que o clima de retórica anti-imigrante e racista do presidente dos EUA, Donald Trump, e seus aliados resultou em um “aumento alarmante” de ódio online, direcionado principalmente às comunidades sul-asiáticas.

Segundo o Middle East Eye, apesquisa mostrou que o ódio contra sul-asiáticos aumentou significativamente em dezembro de 2024, quando os bilionários Elon Musk e Vivek Ramaswamy defenderam um aumento no número de vistos H-1B emitidos, no contexto da campanha eleitoral de Trump, que destacou migrantes e grupos minoritários.

Os indianos são os maiores beneficiários do programa de vistos H-1B.

Imigrantes indianos foram acusados de “roubar empregos”, especialmente em ocupações de colarinho branco, e, portanto, ameaçar o “sustento dos brancos”.

Enquanto o debate sobre o visto H-1B se concentrou em trabalhadores indianos de tecnologia, também houve ódio dirigido a motoristas de Uber, trabalhadores de fast food e funcionários de call centers indianos. Após o assassinato do CEO da United HealthCare, também houve chamados para atacar CEOs indianos e indo-americanos.

Embora o ódio contra asiáticos orientais também tenha aumentado após o debate sobre o programa H-1B, os dados mostram que ele foi alimentado ainda mais pela retórica em torno da plataforma de vídeos TikTok e da empresa de IA DeepSeek, ambas de propriedade chinesa, e por vídeos que supostamente mostravam novas aeronaves militares chinesas.

Historicamente, há uma correlação entre a cobertura negativa de notícias sobre imigrantes e/ou seus países de origem e a animosidade contra esses grupos.

“Estamos extremamente alarmados com os recentes picos de ódio que as comunidades asiáticas enfrentam hoje, tanto online quanto pessoalmente”, disse Manjusha Kulkarni, cofundadora da Stop AAPI Hate e diretora executiva da AAPI Equity Alliance, no relatório.

“Trump e seus leais alimentaram as chamas do bode expiatório anti-asiático e do preconceito por anos. E hoje, eles continuam a encorajar racistas a cometer atos de ódio.”

Os números

A AAPI monitorou insultos online e ameaças de violência contra comunidades asiáticas em espaços extremistas online, e os dados mostram que janeiro de 2025 teve o maior número de insultos anti-asiáticos desde o início do monitoramento em agosto de 2022, com um total de 87.945 insultos.

Os insultos anti-asiáticos aumentaram 66% após a vitória presidencial de Trump em 2024, com 75% desses insultos direcionados às comunidades sul-asiáticas – um total de 63.258.

Os insultos contra asiáticos orientais também aumentaram dramaticamente em janeiro de 2025, subindo 54% em comparação com dezembro de 2024 e 51% em relação a novembro de 2024, pós-eleição – com um total de 23.287.

As ameaças online de violência contra comunidades asiáticas atingiram seus níveis mais altos em dezembro de 2024, o que pode ser atribuído ao debate sobre o H-1B entre os apoiadores de Trump, onde algumas facções estão pressionando por políticas anti-imigrantes ainda mais extremas. Das ameaças de dezembro, 76% foram direcionadas a sul-asiáticos – equivalentes a 884 ameaças de violência online.

Pesquisas existentes sugerem que há uma correlação entre crimes de ódio presenciais e atos de ódio online. Como geralmente leva meses ou anos para que os dados sobre atos de ódio presenciais sejam divulgados, os espaços online podem servir como um sistema de alerta precoce para o que está acontecendo em tempo real.

Cynthia Choi, cofundadora da Stop AAPI Hate e codiretora executiva da Chinese for Affirmative Action, disse no relatório que asiáticos e ilhéus do Pacífico estão sofrendo o impacto do clima político acirrado.

“Como o único grupo racial majoritariamente nascido no exterior – e representando um em cada sete imigrantes indocumentados – as comunidades AAPI estão sofrendo danos devastadores como resultado da agenda xenófoba de Trump.”