Pesquisadores chineses anunciaram a criação de um sistema de edição genética para plantas, que utiliza RNA mensageiro derivado de vírus conhecidos, como o da dengue, com o objetivo de melhorar a segurança e a eficiência do processo.
A inovação, que pode representar um avanço significativo na biotecnologia agrícola, foi desenvolvida por cientistas do Instituto de Genética e Biologia do Desenvolvimento da Academia Chinesa de Ciências em colaboração com a empresa de biotecnologia Qi Biodesign.
Tradicionalmente, os sistemas de edição genética, como o CRISPR, utilizam vetores de DNA para realizar as modificações genéticas desejadas.
No entanto, esses sistemas apresentam o risco de deixar fragmentos de DNA estranho no genoma da planta, o que pode resultar em mutações indesejadas. O novo sistema chinês, por outro lado, utiliza RNA mensageiro, que não gera esse problema, tornando o processo mais seguro.
Em um artigo publicado no Plant Biotechnology Journal em 10 de fevereiro, a equipe de cientistas explicou que, embora o uso de mRNA ofereça um método poderoso para realizar a edição genética sem a introdução de transgenes, ele ainda apresenta desafios, especialmente no que diz respeito à sua entrega eficiente nas células das plantas.
No entanto, os pesquisadores conseguiram superar essa barreira, desenvolvendo um sistema de entrega de mRNA significativamente mais eficaz.
O método inovador se baseia na utilização de componentes de vírus conhecidos, como o da dengue e o do mosaico do tabaco, que possuem uma habilidade natural de transportar material genético entre diferentes organismos.
Essa capacidade de transmissão foi adaptada pelos cientistas para melhorar a eficiência da entrega do mRNA nas plantas, superando sistemas anteriores que dependiam de plasmídeos de DNA.
A equipe, liderada pela especialista em edição de plantas Caixia Gao, destacou que a eficiência média de edição genética foi aprimorada em 4,3 vezes no caso do arroz e em 3,5 vezes para o trigo.
Esses resultados representam um avanço significativo em relação aos métodos anteriores, e a equipe acredita que esse novo sistema pode facilitar a criação de variedades de plantas geneticamente modificadas de maneira mais precisa e eficiente.
O novo sistema de edição genética tem o potencial de transformar a agricultura, permitindo o desenvolvimento de cultivos mais resistentes, produtivos e adaptados a diferentes condições ambientais.
No entanto, como ocorre com qualquer tecnologia emergente, ainda existem desafios a serem superados antes que ela seja amplamente adotada.
A eficiência da entrega do mRNA nas células das plantas foi uma das principais dificuldades, mas, com a recente melhoria alcançada, os cientistas estão confiantes de que o processo pode ser otimizado ainda mais.
A aplicação dessa tecnologia poderia acelerar a produção de alimentos geneticamente modificados com características desejáveis, como maior resistência a doenças e pragas, maior tolerância a condições climáticas adversas e melhores rendimentos.
Isso, por sua vez, poderia ajudar a enfrentar os desafios globais relacionados à segurança alimentar e à sustentabilidade da agricultura.
No entanto, a pesquisa também levanta questões sobre a segurança e as implicações éticas do uso de vírus para modificar geneticamente as plantas.
Embora os cientistas tenham enfatizado que o sistema utiliza apenas componentes do vírus e não o vírus completo, a utilização de material genético de vírus conhecidos, como o da dengue, pode gerar preocupações entre o público e autoridades regulatórias.
O desenvolvimento de novas tecnologias de edição genética para plantas também levanta debates sobre os potenciais impactos ambientais e sociais dessas modificações.
A comunidade científica continuará a acompanhar de perto os resultados das pesquisas e a avaliar as melhores formas de implementar essas inovações de maneira responsável.
Em resumo, o sistema de edição genética desenvolvido pelos cientistas chineses oferece um avanço significativo na biotecnologia agrícola, com o potencial de melhorar a eficiência e a segurança das modificações genéticas em plantas.
No entanto, ainda há desafios técnicos e questões éticas que precisam ser abordados antes que essa tecnologia possa ser amplamente aplicada na agricultura global.