Trump vai a Moscou 9 de maio se encontrar com Putin

Trump e Putin se reúnem durante reunião do G20 em Osaka, Japão • 28/06/2019 REUTERS/Kevin Lamarque

Segundo a revista francesa Le Point, Donald Trump e Vladimir Putin se encontrarão em Moscou no dia 9 de maio de 2025 para as comemorações do fim da Segunda Guerra Mundial. Mais do que uma cerimônia histórica, esse evento pode representar um momento crucial na geopolítica internacional, especialmente no contexto das negociações de paz sobre a guerra na Ucrânia.

O dia 9 de maio tem um significado profundo para a Rússia. Desde a era soviética, a data é celebrada como o “Dia da Vitória”, marcando a derrota da Alemanha nazista em 1945. Ao contrário dos países ocidentais, que comemoram o fim da guerra no dia 8 de maio, a Rússia celebra um dia depois, reforçando a ideia de que o triunfo foi, em grande parte, mérito da União Soviética. Esse simbolismo foi reforçado por Stálin, que exigiu a assinatura de uma rendição alemã separada em Berlim, garantindo um papel central para a URSS na memória do conflito.

Vladimir Putin tem usado essa data ao longo dos anos para recontar a história do século XX sob sua própria perspectiva, exaltando o papel da Rússia e justificando suas políticas. A presença de Donald Trump ao seu lado na cerimônia deste ano não seria apenas um gesto diplomático, mas uma demonstração de força e um possível marco político. Se as negociações de paz sobre a Ucrânia avançarem conforme esperado, o evento poderá se tornar uma celebração dupla: o aniversário da vitória soviética e a conclusão bem-sucedida das tratativas com os Estados Unidos.

De acordo com Le Point, o dia 9 de maio de 2025 pode ser lembrado não apenas pela vitória dos Aliados em 1945, mas também como a data em que Rússia e EUA consolidaram um novo acordo sobre a guerra na Ucrânia. Esse desfecho favoreceria particularmente Putin, que desde o início do conflito tem justificado sua ofensiva alegando combater um regime “nazista” em Kiev. Se um cessar-fogo ou um tratado de paz for anunciado nesse dia, isso poderia ser usado para reforçar essa narrativa: 80 anos após a vitória sobre os nazistas, Moscou estaria, segundo esse discurso, derrotando outro inimigo “fascista”.

Embora Trump nunca tenha classificado a Ucrânia como um regime nazista, ele já expressou críticas a Volodymyr Zelensky, chamando-o de “ditador” e questionando sua condução do conflito. Ao participar dessa cerimônia ao lado de Putin, Trump poderia dar um aval simbólico à versão russa dos acontecimentos. A escolha do 9 de maio como data para um possível acordo de paz não seria apenas coincidência, mas uma estratégia para vincular a guerra atual ao passado glorioso da União Soviética.

Não seria a primeira vez que um presidente dos Estados Unidos participa dessas comemorações em Moscou. Em 1995, Bill Clinton atendeu ao convite de Boris Yeltsin para marcar os 50 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. Naquela época, o contexto era de distensão pós-Guerra Fria, e apesar das divergências entre Washington e Moscou sobre questões como a Bósnia e a expansão da Otan, os dois líderes buscavam manter uma relação de cooperação. Agora, porém, a situação é radicalmente diferente.

Se a visita de Trump realmente acontecer, ela poderá provocar reações intensas tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. Ver um ex-presidente americano — e potencial candidato em 2024 — ao lado de Putin, assistindo a um desfile militar russo, enquanto a guerra na Ucrânia ainda é uma questão central da política internacional, poderá ser interpretado como um realinhamento estratégico dos EUA. Para os europeus, essa imagem poderia simbolizar um enfraquecimento da influência ocidental e uma nova dinâmica nas relações internacionais, com os Estados Unidos se aproximando de Moscou e afastando-se de Kiev.

Em última análise, esse encontro entre Trump e Putin em Moscou no dia 9 de maio de 2025 transcende as homenagens históricas. Ele pode redefinir o equilíbrio de forças na política global e ter consequências significativas para as relações entre EUA, Rússia e Europa.

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