O governo dos Estados Unidos, sob a liderança do presidente Donald Trump, está avaliando a possibilidade de firmar um acordo simplificado com a Ucrânia sobre os recursos minerais estratégicos do país.
O objetivo seria estabelecer um pacto básico que permitisse a exploração desses recursos de forma rápida, com a negociação de termos detalhados sendo postergada para uma fase posterior, conforme informações de fontes próximas ao governo dos EUA.
O possível acordo surge após a recusa do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a uma proposta dos Estados Unidos, apresentada na semana passada, que permitiria à Washington obter 50% dos minerais essenciais da Ucrânia, como grafite, urânio, titânio e lítio.
O lítio, em particular, é de interesse devido à sua utilização em baterias para carros elétricos, setor em crescimento nos Estados Unidos. A negativa de Zelensky deixa claro que um acordo total sobre os minerais ucranianos ainda pode demorar, conforme análise das fontes.
O presidente Trump, no entanto, busca concretizar um pacto com a Ucrânia antes de tomar decisões adicionais, como a concessão de mais apoio militar ao país ou a mediação de negociações de paz com a Rússia.
O governo dos EUA considera que um acordo rápido sobre os minerais pode se tornar um ponto de partida para novas negociações, incluindo a continuação do apoio militar a Kiev e o envolvimento nas discussões sobre o fim da guerra com a Rússia, que se arrasta desde a invasão russa em 2022.
Keith Kellogg, enviado de Trump à Ucrânia, está em Kiev esta semana para discutir os parâmetros de um novo acordo.
O presidente Zelensky se reunirá com Kellogg na quinta-feira (21), buscando estabelecer uma cooperação construtiva. Um assessor de Trump, falando sob condição de anonimato, afirmou que é necessário “fazer esse cara voltar à realidade”, referindo-se ao presidente ucraniano.
As tensões entre os líderes também se intensificaram, com Trump acusando Zelensky de ser um “ditador sem eleições” após o ucraniano sugerir que o presidente dos EUA estava sendo influenciado por uma “bolha de desinformação russa”. Isso ocorreu após Trump afirmar que a Ucrânia foi a responsável pelo início do conflito.
No entanto, a pressão sobre Zelensky para que aceite as propostas dos Estados Unidos persiste, com o governo norte-americano defendendo que a concessão de recursos minerais, em troca do apoio de Washington, é uma forma de “garantir que, de alguma forma, os Estados Unidos receberão esse dinheiro de volta”.
A proposta inicial, que envolvia uma divisão de 50% dos minerais com os EUA, foi vista como favorável demais aos interesses norte-americanos e recebeu críticas de Zelensky, que afirmou que ela não oferecia garantias de segurança para a Ucrânia.
“Não posso vender nosso país”, disse o presidente ucraniano em resposta ao plano. Algumas fontes indicam que, embora a Ucrânia esteja disposta a fazer um acordo com os Estados Unidos, ela busca uma proposta menos agressiva, que não seja vista como uma exploração excessiva dos recursos ucranianos.
O impasse gerado pela proposta inicial evidencia a complexidade das negociações, que envolvem não apenas questões econômicas, mas também considerações de segurança e geopolítica.
As autoridades ucranianas estão atentas ao impacto que a concessão de minerais pode ter sobre o futuro do país, especialmente em relação à disputa com a Rússia, que também tem interesse nos recursos naturais da Ucrânia.
A Rússia já controla uma parte significativa do território ucraniano e está próxima de grandes depósitos de lítio, essenciais para a indústria global de baterias.
Zelensky tem levantado questões sobre o destino dos depósitos minerais em áreas sob controle russo, questionando se esses recursos seriam transferidos para a Rússia ou seus aliados, incluindo Irã, Coreia do Norte e China.
A situação torna-se ainda mais complicada considerando o envolvimento de outros países, como o Canadá, o Reino Unido, o Japão e a União Europeia, que também têm fornecido apoio significativo à Ucrânia ao longo do conflito e podem exigir termos semelhantes aos oferecidos aos Estados Unidos.
Trump tem enfatizado a necessidade de um retorno para os Estados Unidos pelo apoio financeiro e militar fornecido à Ucrânia.
Em declarações públicas, o presidente dos EUA criticou a natureza das doações de ajuda, destacando que, enquanto a Europa recebe seu dinheiro de volta por meio de empréstimos, os Estados Unidos não têm garantias semelhantes.
Ele também lamentou a rejeição de Zelensky à proposta de divisão dos minerais, acusando o governo ucraniano de violar um acordo pré-existente.
Com a pressão para um acordo crescendo, a abordagem revisada pelo governo dos EUA visa simplificar as negociações, permitindo que os termos principais sejam estabelecidos rapidamente e dando tempo para ajustes posteriores, como a definição das condições econômicas e a divisão das receitas provenientes da exploração dos minerais.
Esse processo de negociação pode levar semanas, mas a Casa Branca está determinada a avançar com um acordo que seja aceitável para ambas as partes.
A questão dos recursos minerais é um ponto central nas discussões, com a Ucrânia tentando equilibrar o reconhecimento dos investimentos feitos pelos Estados Unidos com a necessidade de manter sua soberania e proteger seus recursos naturais.
O futuro da relação entre os dois países depende, em grande parte, da capacidade de encontrar um compromisso que atenda aos interesses de segurança e econômicos de ambos, enquanto a guerra com a Rússia continua a se desenrolar.
Com informações da Reuters
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