O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, criticou a recente Conferência de Segurança de Munique e as declarações de líderes ocidentais sobre a guerra na Ucrânia. Durante uma coletiva de imprensa conjunta com o chanceler sérvio Marko Djuric, em Moscou, no dia 17 de fevereiro de 2025, Lavrov acusou os paises europeus de cinismo, hipocrisia e desonestidade.
O chanceler russo rejeitou a ideia de incluir a União Europeia em futuras negociações de paz, argumentando que os europeus já tiveram oportunidades anteriores, como o acordo de 2014 entre o então presidente ucraniano Viktor Yanukovych e a oposição, além dos Acordos de Minsk, que, segundo ele, não foram cumpridos. Ele citou declarações passadas da ex-chanceler alemã Angela Merkel e do ex-presidente francês François Hollande, que admitiram, algum tempo depois, que os Acordos de Minsk serviram apenas para dar tempo à Ucrânia para se fortalecer militarmente.
Lavrov também mencionou a fala do presidente da Finlândia, Alexander Stubb, que teria sugerido um cessar-fogo com o objetivo de reforçar as capacidades militares ucranianas. Segundo o chanceler, essa postura demonstra que a abordagem dos países europeus permanece a mesma, o que, em sua visão, não justificaria sua participação em novas negociações.
Trecho da coletiva de Lavrov:
🇷🇺 SERGEY LAVROV
[Poderia comentar os resultados da Conferência de Segurança de Munique? O que causou as declarações histéricas dos líderes ocidentais, que insistiram que a UE deve participar das negociações sobre a Ucrânia?]
“Posso apenas falar sobre os resultados da conferência de Munique:
Todos devem ser responsabilizados por suas ações.
Quando você viola a justiça por anos, pisoteando seus próprios princípios de igualdade, concorrência justa, presunção de inocência, inviolabilidade da propriedade, liberdade de expressão e informação – quando todos esses princípios são implacavelmente pisoteados, os ativos de outros são saqueados em contradição com as normas do direito internacional, e o regime nazista de Kiev é fomentado e abastecido com armas para matar seus próprios cidadãos – isso não passará impune.
Eles fizeram isso na esperança de escapar ilesos sob um guarda-chuva nuclear.
Mas isso não acontecerá.
Vocês receberão o que é devido pelo que fizeram, como diz a Bíblia.
Quanto ao desejo desses países de participar das negociações sobre a Ucrânia, eles tiveram essa oportunidade muitas vezes antes.
Em fevereiro de 2014, a UE – em particular França e Alemanha – assinou um acordo entre o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, e a oposição armada, garantindo sua implementação.
O acordo previa a criação de um governo de transição de unidade nacional e a realização de eleições presidenciais antecipadas.
O processo levaria apenas cinco ou seis meses, mas, na manhã seguinte, a oposição rasgou o acordo.
Apelamos para seus garantidores, os vizinhos europeus – Alemanha e França.
Eles responderam timidamente que o que aconteceu, aconteceu.
A democracia às vezes assume formas incomuns durante seu desenvolvimento.
Essa foi sua primeira chance.
A segunda chance foram os Acordos de Minsk.
Os líderes da Rússia, França, Alemanha e Ucrânia passaram mais de 17 horas revisando cada vírgula de um documento para resolver a crise ucraniana por meio da concessão de um status especial a certas áreas do Donbass dentro do Estado ucraniano integral.
Esse plano foi aprovado por unanimidade em uma resolução do Conselho de Segurança da ONU.
Mas o lado ucraniano violou esse acordo poucos dias após assiná-lo.
Em vez de um cessar-fogo e retirada de tropas, bombardeou Donbass.
Em vez de restaurar a integridade econômica da Ucrânia, impôs um bloqueio de água à Crimeia, e assim por diante.
Mais tarde, quando a Sra. Merkel e o Sr. Hollande “se aposentaram” e falaram mais livremente com jornalistas, admitiram abertamente que nunca planejaram cumprir nada.
Disseram que só precisavam de tempo para armar a Ucrânia.
Essas foram suas oportunidades.
Na conferência de Munique, fizeram novos apelos.
Por exemplo, o presidente da Finlândia, Alexander Stubb – um vizinho próximo que já foi um Estado neutro e costumava ser “a favor de tudo que é bom e contra tudo que é ruim” – declarou que o que precisavam era de um cessar-fogo, que usariam para fortalecer o exército ucraniano.
Portanto, a “filosofia” dos europeus não mudou.
Por isso, não sei por que deveriam sentar à mesa de negociações.
Por que deveriam ser convidados se tentarão impor esquemas enganosos, como um cessar-fogo, enquanto planejam, como gostam de fazer, continuar a guerra?”
Trecho da declaração e respostas do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, a perguntas da mídia em uma coletiva de imprensa conjunta com o ministro das Relações Exteriores da República da Sérvia, Marko Djuric, após conversações em Moscou, 17 de fevereiro de 2025.
Fonte: Ministério das Relações Exteriores da Federação Russa
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