O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, enviou uma carta no último domingo, 16, para vários grupos do governo, além de ministros, petistas e aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O documento, que foi disseminado por mensagem de texto, contém uma análise comparativa entre os primeiros dois mandatos de Lula e o atual, o terceiro.
No texto, Kakay relata mudanças significativas no comportamento e na atuação política do presidente, destacando que o Lula do terceiro mandato, em sua visão, é uma versão diferente do líder que exerceu os dois mandatos anteriores.
De acordo com o advogado, “o Lula do 3º mandato, por circunstâncias diversas, políticas e principalmente pessoais, é outro”. Kakay critica a postura do presidente, afirmando que ele está “isolado” e “capturado”, sem a presença de pessoas capazes de lhe fornecer conselhos necessários para sua gestão.
Análise do terceiro mandato
Em sua carta, Kakay faz um diagnóstico severo sobre o momento atual de Lula, apontando que o presidente não tem se envolvido com a política de forma ativa e está distante de suas antigas figuras políticas de apoio.
O advogado observa que Lula perdeu o que, em sua opinião, era uma de suas maiores qualidades: “a capacidade de seduzir, de ouvir, de olhar a cena política”.
Para Kakay, a falta dessa habilidade tem impactado a capacidade de Lula de conduzir o governo com a mesma eficácia que caracterizou suas administrações anteriores.
O documento, que ganhou repercussão e rapidamente circulou em vários setores do governo e aliados, gera uma reflexão sobre o cenário político atual do presidente.
Kakay sugere que a falta de interação com “velhos amigos políticos” e a ausência de interlocutores capazes de oferecer conselhos importantes têm prejudicado o governo de Lula.
Repercussão e Impacto
A carta de Kakay gerou discussões dentro do governo e entre aliados de Lula, já que coloca em dúvida a liderança política do presidente, que historicamente foi reconhecido por sua habilidade de articular e dialogar com diversos setores da política.
A crítica ao isolamento de Lula e à perda de sua capacidade de se conectar com aliados e adversários políticos sugere um momento de crise de liderança no terceiro mandato.
O conteúdo da carta também chama atenção para a questão da falta de conselheiros próximos ao presidente, algo que foi uma característica importante nos mandatos anteriores de Lula.
No primeiro e segundo mandatos, o presidente manteve uma rede de contatos políticos com uma ampla gama de figuras que lhe davam apoio e influenciavam sua tomada de decisões.
Possíveis Consequências para o Governo
As críticas de Kakay podem ter implicações no andamento do governo Lula, especialmente se refletirem uma percepção crescente entre seus aliados e membros do governo sobre a forma como o presidente tem conduzido sua gestão.
A falta de uma articulação política eficiente pode prejudicar a implementação de políticas e a capacidade de negociação com o Congresso e outros atores-chave na política nacional.
Ainda não está claro se o documento terá um impacto direto nas decisões políticas dentro do governo, mas o fato de ter sido enviado para diversos grupos de influentes dentro e fora do governo sugere que a mensagem de Kakay foi pensada para gerar reflexão entre os principais nomes da administração atual.
A comparação entre os mandatos de Lula e as críticas ao terceiro mandato podem, em última instância, servir para pressionar o presidente a reconsiderar suas estratégias políticas e a reavaliar sua postura diante dos desafios que enfrenta, tanto internamente, no Congresso, quanto externamente, com a opinião pública e os aliados políticos.
Leia a íntegra da carta!
Lula, a esperança da democracia.
“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro”, Clarice Lispector.
Lula ganhou 3 vezes e elegeu Dilma como sua sucessora. À época elegeria o qualquer de seus Ministros pois era imbatível.
Certa vez conversando com um Senador-do PT- ele me disse que tinha um ano tentava uma audiência com a Presidenta Dilma. Ela não fazia política. Sofreu impeachment.
Um dia no Governo Lula um Senador da oposição me liga as 11 hs da manhã e reclama que tinha assumido há 15 dias- era suplente- e que não havia sido recebido pelo Zé Dirceu, chefe da Casa Civil. Liguei para o Zé . As 12.30 a gente estava almoçando no Palácio do Planalto. O Zé – de longe o mais preparado dos Ministros- deu um show discorrendo sobre o Estado de origem do Senador, que saiu de lá com o número do celular do Zé e completamente encantado.
Neste atual governo Lula fez o que de melhor podia ao enfrentar Bolsonaro e ganhar do fascismo impedindo que tivéssemos mais 4 anos de Bolsonaro. Seria o fim da democracia. Seriam destruídas de maneira irrecuperável tudo que foi construído nos governos democráticos, não só do PT. O fascismo acaba com tudo. Este o maior legado do Lula. Para tanto foi necessário, senão não teríamos ganhado, fazer uma aliança ampla demais. Só o Lula conseguiria unir e fazer este amplo arco para derrotar Bolsonaro. Aqui em casa , no dia da diplomação , 12 de dezembro,determinado político se aproximou em um momento em que Lula e eu conversávamos, colocou amistosamente a mão no meu ombro e fez uma brincadeira. Ao sair da roda o Lula me falou baixinho, rindo :” este jamais será meu Ministro, e acha que vai ser.” Dia 1º de janeiro ele assumiu como Ministro. Este o brilhantismo do Lula neste momento difícil. Não fosse sua maturidade não teríamos tido chance de vencer o fascismo. Por isto cometo aqui certa indelicadeza de comentar este fato: para ressaltar a maturidade do Presidente Lula.
Mas o Lula do 3º mandato , por circunstâncias diversas, políticas e principalmente pessoais, é outro. Não faz política. Está isolado. Capturado. Não tem ao seu lado pessoas com capacidade de falar o que ele teria que ouvir. Não recebe mais os velhos amigos políticos e perdeu o que tinha de melhor: sua inigualável capacidade de seduzir, de ouvir, de olhar a cena política.
Outro dia alguns políticos me confidenciaram que não conseguem falar com o Presidente. É outro Lula que está governando.
Com a extrema direita crescendo no mundo e , evidentemente aqui no Brasil, o quadro é muito preocupante. Sem termos o Lula que conhecíamos como Presidente e sem ele ter um grupo que ele tinha ao seu redor, corremos o risco do que parecia impossível: perdermos as eleições em 2026. Bolsonaro só perdeu porque era um inepto. Tivesse ouvido o Ciro Nogueira e vacinado, ou ficado calado sem ofender as pessoas, teria ganho com a quantidade de dinheiro que gastou. Perder uma reeleição é muito difícil, mas o Lula está se esforçando muito para perder. E não duvidem dele, ele vai conseguir.
Claro que as circunstâncias estão favoráveis ao projeto de perder as eleições. Não dou tanto importância para estas pesquisas feitas o tempo todo. Mas prestei atenção nesta que indica que 62% não querem que Lula seja candidato a reeleição. A pergunta é : quem é seu sucessor natural? Não foi feito um grupo ao redor do Presidente, que se identifique com ele e de onde sairia o sucessor político natural, o “ grupo” do Lula a gente sabe quem é. E certamente não vai tirá-lo do isolamento. Ele hoje é um político preso à memória do seu passado. E isolado. Quero acreditar na capacidade de se reencontrar. Quem se refez depois de 580 dias preso injustamente, pode quase tudo . E nós temos o Haddad, o mais fenomenal político desta geração em termos de preparo. Um gênio. Preparado e pronto para assumir seu papel.
Já fico olhando o quadro e torcendo para o crescimento de uma direita civilizada. Com a condenação do Bolsonaro e a prisão, que pode se dar até setembro, nos resta torcer para uma direita centrista, que afaste o fascismo.
Que Deus se apiede de nós!
É necessário lembrar o mestre Torquato Neto no Poema do Aviso Final:
“É preciso que haja algum respeito , ao menos um esboço ou a dignidade humana se afirmará a machadada.”
Com informações do G1
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