A China tem avançado de forma substancial na expansão de suas reservas minerais, com planos para aumentar ainda mais sua autossuficiência em recursos estratégicos.
A medida ocorre em um momento em que os Estados Unidos pressionam a Ucrânia a entregar uma parte significativa de seus depósitos de terras raras em troca de garantias de segurança, refletindo uma dinâmica global de disputa por recursos essenciais.
Plano de Autossuficiência e Redução da Dependência Externa
Desde 2021, a China tem se concentrado em garantir fontes nacionais de 36 minerais considerados “estrategicamente importantes”. O objetivo é reduzir a dependência do país de importações, ao mesmo tempo em que se fortalece na competição global por esses recursos vitais.
Este plano, que está em vigor até 2025, busca aumentar a autossuficiência mineral da China, garantindo que o país tenha acesso contínuo a matérias-primas essenciais para seu crescimento industrial e tecnológico.
Na última segunda-feira, o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China divulgou um plano de ação para o desenvolvimento de uma indústria de fabricação de armazenamento de energia de alta qualidade.
Além disso, o plano se compromete com a alocação ordenada dos direitos de mineração e com o fortalecimento das capacidades de segurança dos recursos minerais no país.
A expectativa é que, com esses esforços, a China consiga descobrir maiores quantidades de minerais essenciais como lítio, cobalto e níquel.
Aumento nas Reservas de Minerais Cruciais
O foco nas reservas de minerais tem se mostrado cada vez mais relevante para a China, principalmente em setores industriais estratégicos.
Um dos destaques mais recentes foi a revelação, na sexta-feira passada, feita pela emissora estatal CCTV, de que as reservas de cobre da China aumentaram em mais de 30 milhões de toneladas desde 2021.
Essa quantidade é equivalente ao total de reservas descobertas ao longo de toda a década anterior.
O cobre é um recurso fundamental para diversas indústrias, incluindo energia elétrica, transporte e construção, o que torna o aumento das reservas um passo importante para a manutenção da competitividade da China.
Além do cobre, a China também tem concentrado esforços no lítio, mineral essencial para a produção de baterias de veículos elétricos e eletrônicos, setores que vêm se expandindo rapidamente no país.
O governo chinês estabeleceu um cinturão de minerais de lítio com 3.000 km de extensão, localizado principalmente em áreas do oeste do país, que se estima conter entre 20 milhões e 30 milhões de toneladas do mineral.
Com essa estratégia, a China visa garantir maior controle sobre o mercado de lítio, um mineral cuja demanda tem aumentado devido ao crescimento da indústria de novas energias e à expansão do mercado de veículos elétricos.
Posicionamento Global da China nas Reservas de Lítio
A China tem dado passos firmes para se consolidar como uma das principais potências globais em termos de reservas de lítio. Segundo informações da Xinhua, a China quase triplicou suas reservas de lítio nos últimos anos, posicionando-se como a segunda maior detentora de reservas mundiais do mineral.
Este avanço é um reflexo do crescente interesse do país no setor de novas energias, onde o lítio desempenha um papel crucial, principalmente em tecnologias de armazenamento de energia e em veículos elétricos.
A crescente capacidade de produção e a expansão das reservas de lítio colocam a China em uma posição estratégica em relação a outros países que também disputam o controle sobre os recursos minerais essenciais para as novas tecnologias.
A depender da evolução desse processo, a China poderá reduzir sua dependência das grandes empresas ocidentais de mineração, que tradicionalmente têm dominado o mercado de lítio, influenciando os preços e a oferta global.
Implicações para o Mercado Global de Minerais
A estratégia da China de aumentar suas reservas e garantir o controle sobre minerais essenciais tem implicações não apenas para sua indústria interna, mas também para o mercado global.
O aumento das reservas de cobre e lítio, por exemplo, pode afetar os preços desses minerais no mercado internacional, dado o papel significativo que a China desempenha na demanda e na produção de produtos derivados desses materiais.
Além disso, a capacidade de autoabastecimento mineral pode colocar a China em uma posição ainda mais competitiva na corrida por recursos essenciais, impactando países que dependem de importações desses minerais.
Em um cenário mais amplo, a estratégia chinesa pode intensificar as tensões geopolíticas, especialmente à medida que o país busca maior autonomia em um setor que está no centro da disputa por recursos minerais, crucial para a transição energética global e para o avanço das tecnologias de ponta.
A maneira como a China se posiciona no mercado de minerais estratégicos pode definir suas relações comerciais e políticas com outras potências econômicas, como os Estados Unidos, que também buscam assegurar o acesso a esses recursos.
Conclusões
O avanço da China na expansão de suas reservas de minerais essenciais reflete sua estratégia de autossuficiência e de fortalecimento de sua posição global.
A busca por minerais como lítio, cobalto e cobre, fundamentais para o setor de novas energias e para a indústria tecnológica, pode ter impactos significativos no mercado global.
A China, com suas recentes descobertas e planos de expansão, parece cada vez mais determinada a reduzir a dependência externa e a garantir um lugar de destaque na disputa global por recursos estratégicos.
Com informações do SCMP
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