É constrangedor que um membro tão graduado do governo Trump, e com tanto poder nas redes (é dono do X) procure se imiscuir na política doméstica do Brasil.
Elon Musk, dono do X e integrante do governo de Donald Trump nos Estados Unidos, compartilhou na rede social na noite desta sexta-feira (14) um anúncio de protestos pelo impeachment do presidente Lula (PT).
A publicação, ilustrada com imagens das manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2015 e 2016 na avenida Paulista, em São Paulo, anuncia “uma onda nacional de protestos em 120 cidades do Brasil no dia 16 de março pedindo a remoção de Lula”.
Musk, que chefia o Departamento de Eficiência Governamental dos EUA, compartilhou a mensagem com a legenda “Wow”. Próximo ao bolsonarismo no Brasil, ele tem um histórico de enfrentamento com o STF, incluindo ataques ao ministro Alexandre de Moraes. A plataforma chegou a ser suspensa após descumprir decisões judiciais.
A postagem de Musk já acumulava mais de 22 milhões de visualizações e 20 mil compartilhamentos na manhã deste sábado, sendo replicada por figuras da direita brasileira, como os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Eduardo e Flávio Bolsonaro. O senador escreveu: “o resgate do Brasil já começou! #ForaLula”.
O termo “Fora Lula” se tornou o assunto político mais comentado na rede social, com mais de 109 mil publicações. A hashtag foi compartilhada pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), após a divulgação da pesquisa Datafolha que apontou uma queda na aprovação de Lula, de 35% para 24%, enquanto a reprovação subiu de 34% para 41%.
Integrantes do governo atribuem a queda a fatores como a crise do Pix nas primeiras semanas do ano, que foi impulsionada por Nikolas Ferreira, que também incentivou a adesão bolsonarista aos protestos contra Lula.
A última grande manifestação bolsonarista ocorreu em 7 de setembro do ano passado, com a presença de Bolsonaro, mas teve menor público do que um ato realizado em fevereiro do mesmo ano. Em junho de 2024, um protesto bolsonarista pelo impeachment de Lula e de Moraes teve baixa adesão.