O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, afirmou que a adesão da Ucrânia à aliança nunca foi uma promessa dentro de um eventual acordo de paz.
Durante uma coletiva de imprensa em Bruxelas, após uma reunião dos ministros da Defesa da Otan, Rutte esclareceu que, embora a aliança tenha reafirmado seu compromisso com a futura adesão da Ucrânia, isso nunca foi estabelecido como uma condição obrigatória ao final das negociações de paz.
Ele destacou que, embora esse compromisso pudesse ter sido formulado de maneira mais clara, isso nunca foi explicitamente acordado. O foco principal, segundo ele, é garantir que, independentemente do resultado das negociações, o presidente russo Vladimir Putin não tente atacar a Ucrânia novamente.
A declaração de Rutte sinaliza uma mudança na postura das lideranças europeias, incluindo a própria Otan, que até pouco tempo atrás adotava um tom muito mais agressivo e categórico sobre a entrada da Ucrânia na aliança. Durante anos, os principais líderes europeus reforçaram que a adesão ucraniana era um caminho certo, com declarações enfáticas nesse sentido. Inclusive, recentemente, um ministro britânico reafirmou que a Ucrânia ingressaria na Otan.
No entanto, a posição começou a mudar após declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e de membros de sua administração, que passaram a defender que a entrada da Ucrânia na Otan não era viável nem realista. Agora, a fala de Rutte reflete essa nova postura, indicando que as lideranças europeias estão começando a se resignar ao fato de que a Ucrânia perdeu a guerra, que a Rússia consolidou o controle sobre territórios adicionais e que a adesão ucraniana à Otan não acontecerá.
Essa mudança de discurso ocorre tarde demais. Desde antes da guerra, a Rússia já havia deixado claro que sua principal exigência era que a Ucrânia não fizesse parte da Otan e que não houvesse bases militares ocidentais próximas às suas fronteiras. Se as lideranças europeias e, sobretudo, os Estados Unidos — principais responsáveis pela escalada — tivessem demonstrado mais bom senso e levado em consideração as preocupações da Rússia com sua segurança nacional, centenas de milhares de vidas poderiam ter sido poupadas.