A aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) caiu de 35% para 24% entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, segundo pesquisa do Datafolha.
O levantamento, realizado nos dias 10 e 11 de fevereiro com 2.007 eleitores em 113 municípios, indica que a reprovação ao governo subiu de 34% para 41%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
A avaliação regular foi registrada por 32% dos entrevistados, contra 29% no levantamento anterior. O resultado reflete o impacto de recentes crises enfrentadas pelo governo, como a tentativa de fiscalização de transações via Pix acima de R$ 5.000, anunciada em janeiro.
Após críticas da oposição e a disseminação de informações falsas sobre uma possível taxação, o Ministério da Fazenda revogou a medida.
Em resposta, Lula substituiu o chefe da comunicação do governo, nomeando Sidônio Palmeira para o lugar de Paulo Pimenta.
A queda na aprovação ocorre em meio à preocupação com a inflação de alimentos e declarações do presidente, como a sugestão de que consumidores evitem produtos com preços elevados, o que gerou críticas.
A desaprovação atual de Lula é a maior de seus mandatos. Antes, o índice mais alto havia sido de 34% em dezembro de 2024. A aprovação mais baixa, de 28%, ocorreu em 2005, durante a crise do mensalão, no primeiro mandato. Desde o início do terceiro governo, em 2023, a média de aprovação era de 36%, com reprovação de 31%, segundo o Datafolha.
A comparação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mostra que, no mesmo período de governo, ele registrava 40% de reprovação e 31% de aprovação. A pesquisa também revela queda na popularidade de Lula entre segmentos que tradicionalmente o apoiam, como eleitores de baixa renda e residentes do Nordeste.
Entre os que ganham até dois salários mínimos, a aprovação caiu de 44% para 29%. Esse grupo representa 51% da amostra, com margem de erro de três pontos percentuais. Entre eleitores com ensino fundamental, a queda foi de 53% para 38%, com margem de quatro pontos. No Nordeste, a aprovação recuou de 49% para 33%, na mesma margem de erro.
Entre os eleitores de Lula no segundo turno de 2022, a aprovação caiu 20 pontos, chegando a 46%. A desaprovação subiu de 7% para 13%, enquanto o percentual dos que consideram o governo regular passou de 27% para 40%.
Lula mantém saldo positivo apenas entre os menos escolarizados, com dez pontos de diferença entre aprovação e reprovação, e entre nordestinos, com três pontos. As maiores quedas ocorrem entre eleitores com renda superior a dois salários mínimos, com saldos negativos de 33 a 45 pontos, conforme a faixa de renda.
A pesquisa não avaliou cenários eleitorais, mas os números intensificam o debate interno no governo sobre as perspectivas para 2026. Outros levantamentos recentes indicam Lula como favorito, embora o impacto da atual desaprovação a longo prazo seja incerto.
O presidente afirmou que disputará a reeleição em 2026 caso esteja em boas condições de saúde. Em viagem ao Norte na semana passada, declarou que pretende combater a desinformação nas redes. Oposição e possíveis candidatos, como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), já se movimentam. Jair Bolsonaro segue inelegível até 2030.