China desenvolve trem magnético mais rápido que o Boeing 737

A China está avançando no desenvolvimento de um trem de levitação magnética (maglev) projetado para atingir velocidades significativamente superiores às dos trens convencionais e até mesmo comparáveis a algumas aeronaves comerciais. Chamado de T-Flight, o projeto visa transformar o transporte ferroviário ao combinar tecnologia maglev com um sistema de tubos de baixo vácuo.

Testes recentes indicam que a iniciativa está em estágio avançado. O trem atingiu 623 km/h durante testes iniciais em uma pista de 2 km, e em uma fase posterior operou em condições de baixo vácuo, um marco considerado essencial para a viabilidade da tecnologia. De acordo com a emissora estatal CGTN, o experimento confirmou que a velocidade e a altura da suspensão do veículo estavam dentro dos parâmetros esperados.

Novo Modelo Poderia Reduzir Tempo de Viagem Entre Megacidades

O T-Flight é projetado para reduzir significativamente o tempo de viagem entre grandes centros urbanos. Se implementado, poderia reduzir o trajeto entre Pequim e Xangai para cerca de 90 minutos, um tempo muito inferior às seis horas necessárias atualmente no sistema ferroviário de alta velocidade convencional.

A segunda fase dos testes tem como objetivo atingir a marca de 1.000 km/h em uma pista de 60 km. Já uma possível terceira fase prevê uma velocidade teórica de 4.000 km/h, embora essa estimativa ainda esteja no campo das projeções e dependa de avanços tecnológicos e estruturais.

Funcionamento Baseado na Tecnologia Maglev

O T-Flight utiliza um sistema de levitação magnética para eliminar o atrito entre o trem e os trilhos. Isso é feito por meio de duas tecnologias principais: suspensão eletromagnética (EMS) e suspensão eletrodinâmica (EDS). No primeiro caso, eletroímãs no trem são atraídos para trilhos metálicos, levantando-o ligeiramente. No segundo, ímãs supercondutores criam uma força de repulsão que mantém o veículo suspenso.

Uma vez em movimento, o trem é impulsionado por campos magnéticos alternados gerados ao longo dos trilhos, o que permite altas velocidades sem o desgaste físico dos sistemas convencionais. Além disso, a presença de tubos de baixo vácuo reduz a resistência do ar, um dos principais limitadores de velocidade para trens de alta performance.

Comparação com Outros Sistemas Maglev

A tecnologia maglev não é nova e já é utilizada em países como China, Japão e Coreia do Sul. O trem operacional mais rápido atualmente é o Shanghai Maglev, que atinge 431 km/h. O Japão também desenvolve o L0 Series, previsto para entrar em operação em 2027 e que detém um recorde experimental de 602 km/h. O T-Flight, ao superar essa marca nos testes, amplia o potencial da China no setor.

A integração com tubos de vácuo diferencia o novo projeto de outros sistemas maglev. A proposta é semelhante à do Hyperloop, conceito inicialmente popularizado em 2013 e que enfrentou dificuldades comerciais e técnicas. Empresas como a Hyperloop One encerraram suas operações após investirem centenas de milhões de dólares sem viabilizar a tecnologia em larga escala.

Desafios Técnicos e Econômicos

A implementação do T-Flight enfrenta desafios significativos. A construção de túneis de baixa pressão em longas distâncias exige grandes investimentos e tecnologia avançada. Empresas que tentaram desenvolver o conceito Hyperloop enfrentaram dificuldades financeiras e operacionais, levantando dúvidas sobre a viabilidade do modelo.

Questões de segurança também são levantadas por especialistas. O comportamento do sistema em caso de falha na pressurização, o impacto das forças envolvidas na aceleração e desaceleração e a capacidade do sistema de operar de forma confiável em longo prazo ainda são aspectos a serem testados.

Apesar dos desafios, especialistas apontam que a China possui os recursos e a capacidade de execução para desenvolver o projeto. “Se alguém pode fazer isso funcionar, serão os chineses”, afirmou Mark Smith, fundador do site de viagens ferroviárias Seat61.com.

Corrida Global por Transporte de Alta Velocidade

Além da China, outros países investigam tecnologias semelhantes. Japão, Suíça, Holanda e Estados Unidos mantêm pesquisas sobre maglev e sistemas de transporte a vácuo, enquanto a Índia planeja iniciar estudos em 2026.

Andrés de León, CEO da HyperloopTT, destacou o avanço chinês no setor. “O sucesso da China é uma demonstração clara de que a tecnologia hyperloop não é um sonho distante, mas uma realidade que está surgindo rapidamente”, afirmou.

Ainda não há uma previsão oficial para o início da operação comercial do T-Flight, mas os avanços nos testes indicam que a China segue liderando a corrida para o desenvolvimento de trens de ultra-alta velocidade.

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