Governo Lula vai atrás de fechar acordo com os EUA sobre cota de importação do aço

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O governo brasileiro, por meio de sua equipe econômica, analisa a possibilidade de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, esteja disposto a negociar um novo acordo para a exportação de aço brasileiro.

A expectativa é de que o país consiga condições similares às estabelecidas em 2018, quando foi autorizada a exportação sem sobretaxas dentro de uma cota estabelecida. A informação foi divulgada pelo jornalista Igor Gadelha, do portal Metrópoles.

A questão surgiu após o anúncio feito por Trump na última segunda-feira (10), que determinou a aplicação de uma tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio nos Estados Unidos. A medida afeta diretamente o Brasil, um dos principais fornecedores do produto ao mercado americano.

Durante seu primeiro mandato, Trump estabeleceu um regime de cotas para o aço brasileiro, permitindo a exportação de determinados volumes sem a incidência de sobretaxas. Esse acordo estava em vigor até a recente decisão de taxação global. No momento, o governo brasileiro aguarda mais detalhes sobre a medida antes de adotar qualquer posicionamento formal.

A equipe econômica do Palácio do Planalto avalia que, apesar das preocupações iniciais, a taxação pode trazer efeitos secundários que beneficiem o mercado interno. Uma das projeções é que a redução das exportações para os Estados Unidos aumente a disponibilidade de aço no Brasil, o que poderia contribuir para a redução dos preços no mercado interno.

Especialistas do governo acreditam que essa maior oferta de aço pode gerar uma desaceleração na alta dos preços de produtos relacionados, o que teria impacto sobre a inflação. Essa hipótese está sendo considerada nas análises preliminares da equipe econômica, que avalia o cenário para eventuais negociações diplomáticas e comerciais.

O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, atrás apenas do Canadá. Com a nova tarifa, a competitividade dos produtos brasileiros será reduzida, o que pode impactar a receita das empresas exportadoras e o saldo da balança comercial. Ao mesmo tempo, a redução da demanda externa pode resultar em uma maior disponibilidade do produto no mercado interno, o que tenderia a estabilizar ou diminuir os preços locais.

A decisão de Trump faz parte de uma política econômica voltada à proteção da indústria siderúrgica americana. A medida é justificada pelo governo dos Estados Unidos como necessária para fortalecer a segurança nacional e garantir a competitividade da produção doméstica.

O Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Fazenda acompanham de perto as movimentações internacionais e avaliam estratégias para minimizar os impactos econômicos. Uma das possibilidades em estudo é a articulação de negociações bilaterais para tentar mitigar as novas tarifas. Em casos anteriores, o Brasil recorreu a diálogos diplomáticos e à Organização Mundial do Comércio (OMC) para questionar barreiras comerciais consideradas abusivas.

No curto prazo, representantes da indústria brasileira já manifestaram preocupação com o impacto nas exportações. A Associação Brasileira de Siderurgia (ABS) informou que está em contato com autoridades brasileiras para discutir as próximas etapas e os possíveis efeitos no setor.

Apesar da reação inicial do mercado, o governo mantém uma postura cautelosa e aguarda informações detalhadas sobre a implementação da medida nos Estados Unidos. Paralelamente, as equipes técnicas trabalham em projeções sobre os desdobramentos no cenário econômico doméstico.

O anúncio de Trump ocorre em um momento de aumento nas tensões comerciais globais. Outros países exportadores de aço também foram afetados pela decisão, e analistas apontam que o movimento pode levar a retaliações ou negociações multilaterais no futuro próximo. O Brasil, entretanto, busca uma solução que preserve suas relações comerciais com os Estados Unidos e minimize prejuízos econômicos.

A equipe do Ministério da Fazenda reforça que qualquer ação será baseada em dados concretos e diálogo com as partes envolvidas. Segundo interlocutores do governo, as negociações precisarão equilibrar os interesses comerciais, industriais e inflacionários do país.

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