Putin afirma que a Europa ficará “aos pés do mestre” após tarifas de Trump. Entenda como as tensões comerciais afetam a geopolítica global
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, alertou que a Europa logo “ficará aos pés do mestre” após o presidente dos EUA, Donald Trump, impor tarifas ao Canadá, México e China, provocando uma queda nos mercados globais e alarme entre os aliados europeus.
Após a decisão de Trump no fim de semana de impor tarifas comerciais aos parceiros comerciais mais próximos dos EUA, o presidente russo disse no domingo que o segundo mandato de Trump “restauraria a ordem” na Europa.
“Eu garanto a vocês: Trump, com seu caráter, com sua persistência, ele restaurará a ordem lá rapidamente. E todos eles, vocês verão — isso acontecerá rápido, em breve — ficarão aos pés do mestre e abanarão o rabinho. Tudo se ajeitará”, disse Putin ao jornalista pró-Kremlin Pavel Zarubin, que apresenta o programa de horário nobre “Moscou. Kremlin. Putin” no canal estatal Rossiya-1. Os comentários foram relatados pela agência de notícias estatal RIA Novosti e traduzidos pelo Google.
Putin não deu mais explicações sobre como Trump poderia “restaurar a ordem” — e não está claro a que ele se referia com seus comentários —, mas Moscou expressou esperanças de que sua relação com os EUA possa melhorar sob o governo Trump.
O Kremlin disse na segunda-feira que está observando as “tensões” que aumentam entre os EUA e seus aliados.
“Você sabe, há muitas tensões lá, então, claro, não temos desejo de estar associados a tudo isso de qualquer forma ou de avaliar isso de alguma maneira”, disse o secretário de imprensa do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres em seu briefing diário.
“Deixe que os países que estão participando desse processo resolvam isso”, disse ele, de acordo com comentários relatados pela RIA Novosti e traduzidos pela Reuters.
Trump colocou os mercados globais em turbulência na segunda-feira após anunciar uma tarifa de 25% sobre as importações do México e do Canadá e um imposto de 10% sobre produtos da China. As tarifas entrarão em vigor na terça-feira.
O presidente disse que tarifas sobre a União Europeia podem vir “muito em breve”, mas afirmou que pode haver um acordo com o Reino Unido, que, ao contrário dos outros maiores parceiros comerciais dos EUA, tem uma relação comercial mais equilibrada com seu aliado transatlântico.
Autoridades da UE já sugeriram que o bloco poderia responder às tarifas dos EUA “de forma proporcional”, com a Comissão Europeia afirmando no domingo que “responderia com firmeza” a quaisquer tarifas americanas.
Enquanto sofre o enorme peso das sanções internacionais devido à invasão da Ucrânia em 2022, a Rússia pode se beneficiar das tarifas dos EUA sobre seus parceiros comerciais, já que eles provavelmente sofrerão um forte impacto econômico.
As tarifas também causam desordem entre antigos aliados — parceiros que, como os EUA sob o ex-presidente Joe Biden, buscaram enfraquecer a liderança e a economia da Rússia com medidas punitivas destinadas a dificultar o poder econômico e geopolítico de Moscou.
Moscou espera por uma relação mais favorável com Washington agora que Trump está de volta ao poder, já que ele e Putin tiveram relações cordiais no passado, com ambos os líderes expressando admiração mútua anteriormente.
Putin: Líderes europeus não têm convicção
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Os aliados dos EUA na Europa temem que o presidente interrompa o financiamento militar americano à Ucrânia e possa pressionar Kiev a entrar em negociações de paz para encerrar a guerra, que se aproxima de seu terceiro aniversário. Putin disse no mês passado que esperava que ele e Trump pudessem se reunir em breve para discutir a guerra e os preços da energia.
A Ucrânia alerta que pode ser pressionada a aceitar um acordo de paz “ruim”, no qual seria forçada a ceder território à Rússia, e que Moscou se reagruparia antes de mirar o país novamente no futuro.
Espera-se que os líderes europeus discutam a ameaça iminente das tarifas dos EUA quando se reunirem em Bruxelas na segunda-feira, embora, aparentemente, o tema principal da reunião seja o fortalecimento de sua estratégia de defesa.
Trump já alertou os líderes europeus que eles precisam ser responsáveis por sua própria segurança, criticando os aliados da OTAN por não cumprirem os compromissos de gastos com defesa e dizendo no mês passado que poderia pedir que gastassem ainda mais com defesa.
Se Trump cortar o financiamento dos EUA para a Ucrânia, a Europa terá que enfrentar a decisão de arcar sozinha com o fardo financeiro do apoio à Ucrânia. Vários líderes — especialmente os do Leste Europeu, que são vistos como mais próximos do Kremlin — já são céticos em relação a mais sanções à Rússia e ao financiamento à Ucrânia.
Criticando seus homólogos europeus no domingo, Putin disse que os líderes europeus no continente não têm convicção em suas crenças.
Elogiando ex-líderes europeus, como Charles De Gaulle e Jacques Chirac, da França, e Gerhard Schroeder, da Alemanha, Putin disse que tais líderes “tinham sua própria opinião e a coragem de lutar por essa opinião, de expressá-la, de falar sobre ela e de tentar, pelo menos, implementá-la no trabalho prático”.
“Hoje, praticamente não há mais pessoas assim lá”, disse Putin, segundo a RIA Novosti.
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