Arábia Saudita condena proposta dos EUA de deslocamento forçado de palestinos e alerta para graves consequências estratégicas.
O Reino da Arábia Saudita se posicionou de forma veemente contra a proposta dos Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, de deslocar forçosamente os palestinos da Faixa de Gaza para outros países da região e tomar o território para interesses estratégicos norte-americanos.
Em uma declaração oficial, o governo saudita classificou a iniciativa como uma ameaça direta à estabilidade do Oriente Médio e alertou para as graves consequências de tal política, tanto no plano humanitário quanto geopolítico.
A proposta norte-americana, segundo fontes diplomáticas, visa realocar a população palestina para países árabes vizinhos, em um movimento que a Arábia Saudita considera uma violação inaceitável do direito internacional.
Para o governo saudita, a ideia não apenas ignora os direitos históricos e legítimos do povo palestino sobre sua terra, mas também representa uma escalada sem precedentes na crise da região. “O Reino rejeita categoricamente qualquer tentativa de deslocamento forçado do povo palestino.
A Faixa de Gaza não pode ser tratada como um território disponível para apropriação estratégica por nenhuma potência estrangeira”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores saudita em comunicado oficial.
A posição da Arábia Saudita reflete não apenas um compromisso com a causa palestina, mas também uma preocupação estratégica mais ampla.
Autoridades sauditas alertam que qualquer tentativa de deslocamento forçado poderia incendiar ainda mais a região, fortalecendo grupos extremistas, desestabilizando governos vizinhos e ampliando o ciclo de violência.
Além disso, o governo saudita destacou que a iniciativa de Washington não apenas mina os esforços diplomáticos para uma solução pacífica, mas também reforça uma lógica de dominação e ocupação que compromete a segurança global.
O governo saudita também enfatizou que a questão palestina não pode ser tratada como um problema secundário ou passível de soluções arbitrárias impostas de fora. Para Riad, a paz duradoura só será alcançada pelo respeito ao direito do povo palestino de permanecer em sua terra e pela implementação da solução de dois Estados, conforme estabelecido em resoluções internacionais.
“Nenhuma nação pode ser expulsa de seu próprio território em nome de interesses estratégicos de terceiros. Esse tipo de mentalidade apenas perpetua o ciclo de injustiça e conflito”, acrescentou o comunicado.
A declaração da Arábia Saudita ocorre em um momento de crescente tensão entre os países árabes e os Estados Unidos, à medida que a política externa norte-americana adota posturas cada vez mais agressivas no Oriente Médio.
A decisão de Trump de propor um redesenho forçado da geopolítica da região é vista por muitos analistas como uma jogada perigosa, que pode ter consequências de longo prazo não apenas para os palestinos, mas para todo o equilíbrio estratégico do Oriente Médio.
Com essa forte manifestação, a Arábia Saudita se alinha a outros países da região que rejeitam a proposta e reforça seu papel como uma das principais vozes na defesa da causa palestina. O Reino reafirma que não permitirá que a questão seja tratada como uma simples variável de interesses geopolíticos e que seguirá mobilizando esforços diplomáticos para barrar qualquer tentativa de deslocamento forçado do povo palestino.
Abaixo, a íntegra do comunicado diplomático divulgado pela Arábia Saudita.
Declaração | O Reino da Arábia Saudita aprecia a condenação, desaprovação e rejeição total anunciadas pelos países irmãos em relação ao que Benjamin Netanyahu declarou sobre o deslocamento do povo palestino de sua terra, e o Reino valoriza as posições que enfatizam a centralidade da questão palestina para os países árabes e muçulmanos.
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MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES
O Reino da Arábia Saudita aprecia a condenação, desaprovação e total rejeição anunciadas pelos países irmãos em relação às declarações de Benjamin Netanyahu sobre o deslocamento do povo palestino de sua terra. O Reino valoriza as posições que enfatizam a centralidade da questão palestina para os países árabes e muçulmanos.
Nesse contexto, o Reino enfatiza sua rejeição categórica a tais declarações, que visam desviar a atenção dos crimes contínuos cometidos pela ocupação israelense contra os irmãos palestinos em Gaza, incluindo a limpeza étnica a que estão sendo submetidos.
O Reino também aponta que essa mentalidade extremista e ocupacionista não compreende o que a terra palestina significa para o povo irmão da Palestina e sua conexão emocional, histórica e legal com essa terra. Essa mentalidade não acredita que o povo palestino mereça viver, uma vez que destruiu completamente a Faixa de Gaza, matou e feriu mais de 160.000 pessoas, a maioria delas crianças e mulheres, sem o menor sentimento humano ou responsabilidade moral.
O Reino afirma que o povo palestino tem direito à sua terra e não são intrusos ou imigrantes que podem ser expulsos sempre que a brutal ocupação israelense desejar.
O Reino observa que os defensores dessas ideias extremistas são os mesmos que impediram Israel de aceitar a paz, recusando a coexistência pacífica, rejeitando as iniciativas de paz adotadas pelos países árabes e praticando sistematicamente injustiças contra o povo palestino há mais de 75 anos, desconsiderando a verdade, a justiça, a lei e os valores estabelecidos na Carta das Nações Unidas, incluindo o direito humano de viver com dignidade em sua terra.
O Reino reitera que o direito do povo palestino permanecerá firmemente estabelecido e ninguém poderá tirá-lo deles, independentemente do tempo que leve. O Reino também afirma que a paz duradoura só será alcançada pelo retorno à lógica da razão e pela aceitação do princípio da coexistência pacífica por meio da solução de dois Estados.
Ministério das Relações Exteriores do Reino da Arábia Saudita
09 de fevereiro de 2025 | 10 Shaaban 1446
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