Os sons certos também podem desativar suas câmeras.
Estudantes de engenharia da Universidade de Toronto desenvolveram um sistema capaz de derrubar drones por meio de ondas acústicas. Utilizando alto-falantes de carros modificados, eles criaram um dispositivo que emite sons direcionados para desestabilizar os sensores eletromecânicos desses equipamentos. Nos primeiros testes, drones a 50 cm de distância oscilaram, enquanto aqueles a 25 cm caíram.
Na primavera de 2024, após aprimoramentos no sistema, como a substituição dos alto-falantes por transdutores capazes de gerar ondas ultrassônicas, o dispositivo foi inscrito em uma competição de defesa contra drones organizada pelo governo canadense. O projeto ficou em segundo lugar, garantindo um prêmio de 375.000 dólares canadenses (cerca de 262.000 dólares americanos). Os estudantes então fundaram a startup Prandtl Dynamics, que planeja lançar até junho um protótipo portátil do tamanho de uma mala de mão para uso militar, com um alcance inicial de 100 metros.
A tecnologia empregada pela Prandtl explora a tendência dos materiais a vibrar quando expostos a ondas sonoras na frequência de ressonância. Segundo Parth Mahendru, CEO da empresa, o sistema concentra energia em um “laser acústico” que interfere em componentes essenciais para o voo dos drones, como giroscópios. O equipamento também detecta drones e direciona o feixe acústico por meio de uma combinação de câmeras e um computador de baixo custo.
A Prandtl busca expandir o alcance do seu sistema, apelidado internamente de “Sound Matrix”, para 150 metros. Em comparação, muitos bloqueadores táticos utilizados na guerra entre Rússia e Ucrânia têm alcance de apenas 50 metros. Além disso, a nova geração de drones utilizados nesse conflito já é imune a bloqueios convencionais, pois alguns operam com sistemas internos de navegação e inteligência artificial para identificação de alvos, enquanto outros recebem comandos por fios. Ambas as categorias, no entanto, poderiam ser vulneráveis a ataques acústicos.
A startup está criando um banco de dados de padrões acústicos capazes de neutralizar diferentes modelos de drones. Até agora, já foram identificadas frequências eficazes contra 35 modelos. A tecnologia também permite interferir em subsistemas específicos, como o estabilizador da câmera e o obturador. “Podemos cegar o drone ou fazê-lo cair”, afirma Mahendru.
A Prandtl também desenvolve um modelo portátil de 4 kg para proteger tropas em campo. Segundo Anna Poletaeva, diretora de operações da empresa, o dispositivo poderá ser fabricado por menos de 2.000 dólares canadenses. A tecnologia já atrai interesse das forças armadas dos Estados Unidos, de empresas de defesa ucranianas e de outras organizações. Além do uso militar, a startup enxerga potencial para aplicações civis, onde bloqueadores tradicionais são proibidos. Para aqueles incomodados com drones indesejados, desativar suas câmeras pode ser uma solução mais viável do que derrubá-los.
Fonte: The Economist, 5 de fevereiro de 2025.
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