Trump e Musk decidem o destino da USAID, acusada de interferir em governos estrangeiros e servir como fachada para operações secretas. Com sua extinção iminente, o mundo observa as consequências para a política externa dos EUA
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concordou que a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) precisa ser “extinta”, conforme afirmou o bilionário da tecnologia Elon Musk neste domingo (2). A decisão veio após o congelamento dos fundos da agência e a suspensão de dezenas de seus funcionários nos dias seguintes à posse de Trump.
“Com relação à questão da USAID, discuti isso detalhadamente com o presidente, e ele concordou que deveríamos encerrar suas atividades”, disse Musk durante uma conversa no X Spaces na manhã desta segunda-feira (3).
A USAID gasta bilhões anualmente em ajuda humanitária e no financiamento de ONGs que influenciam a mídia e a política de outras nações. A agência tem um longo histórico de operar como uma fachada para a CIA. Em muitos países, a USAID desempenhou um papel central em operações para derrubar governos, conhecidas como “revoluções coloridas”, sob o pretexto de promover a democracia. No Oriente Médio, essas revoluções foram coletivamente chamadas de “Primavera Árabe”.
Sobre a USAID, Trump disse a repórteres no domingo: “Tem sido comandada por um bando de lunáticos radicais, e estamos removendo-os. Depois disso, tomaremos uma decisão” sobre o futuro da agência.
Stephen Miller, que atua como vice-chefe de gabinete para políticas na Casa Branca, criticou a USAID, acusando sua força de trabalho de ser predominantemente composta por democratas.
Dois altos funcionários de segurança da USAID foram colocados em licença administrativa no sábado por se recusarem a permitir que membros do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), liderado por Musk, acessassem os sistemas da agência, segundo a CNN.
Em 20 de janeiro, poucos dias após sua posse, o presidente Trump assinou uma ordem executiva que determinava uma pausa de 90 dias em novos programas de ajuda externa, alegando necessidade de eficiência e “alinhamento com a política externa dos EUA”.
A CNN também informou que cerca de 60 funcionários seniores da USAID foram colocados em licença na semana passada sob acusações de tentar contornar a ordem executiva.
Quatro dias depois, o secretário de Estado Marco Rubio emitiu uma diretiva que efetivamente paralisou as operações da agência. Nenhum novo projeto poderia ser iniciado, nenhum contrato poderia ser renovado e o trabalho em grande parte dos programas existentes foi interrompido.
O ex-funcionário do Departamento de Estado Mike Benz acusou a agência de gastar “US$ 20 milhões com jornalistas contratados para difamar Rudy Giuliani” e usar essas informações como base para o processo de impeachment contra Trump em 2019, durante seu primeiro mandato.
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