O empresário Elon Musk declarou que trabalha para encerrar as atividades da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), principal órgão de assistência externa do governo norte-americano.
A afirmação foi feita nesta segunda-feira (3), durante uma transmissão de áudio na rede social X, que contou com a participação do ex-diretor do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), Vivek Ramaswamy, e dos senadores republicanos Joni Ernst e Mike Lee.
“Ficou evidente que não se trata de uma maçã com um verme dentro, o que temos é simplesmente um ninho de vermes. Temos que nos livrar de tudo, está além de qualquer conserto. Vamos fechá-la”, afirmou Musk sobre a USAID. Ele acrescentou que o presidente Donald Trump compartilha dessa visão e pretende desativar a agência.
A USAID atua na assistência humanitária global e é considerada um dos principais doadores internacionais. Em 2023, destinou US$ 72 bilhões para programas em diversas áreas, incluindo acesso à água potável, combate à corrupção, tratamentos para HIV/AIDS e segurança energética. No ano seguinte, forneceu 42% da ajuda humanitária rastreada pela Organização das Nações Unidas (ONU).
No último fim de semana, o site oficial da USAID saiu do ar e permaneceu inacessível até a manhã de segunda-feira. A conta oficial da agência no Instagram também foi suspensa. Não foram divulgadas explicações sobre as falhas.
A Reuters informou que dois altos funcionários da USAID foram afastados após tentarem impedir representantes do DOGE de acessarem áreas restritas da sede da agência. Três fontes consultadas pela agência indicaram que a ação foi liderada por integrantes do governo Trump, intensificando as medidas contra o órgão.
Em resposta ao episódio, Musk ampliou suas críticas. “A USAID é uma organização criminosa. É hora de acabar com ela”, publicou no X no domingo (2).
As declarações ocorrem no contexto da política “EUA Primeiro” de Trump. Na semana passada, o presidente determinou o congelamento global da maior parte dos fundos de ajuda externa do país, impactando programas humanitários.
A medida afeta hospitais de campanha em campos de refugiados na Tailândia, operações de remoção de minas terrestres e fornecimento de medicamentos para pacientes com HIV.
Durante a transmissão, Musk também mencionou cortes de gastos e fraudes dentro do governo dos EUA. Ele estimou que Trump poderá reduzir o déficit do país em US$ 1 trilhão no próximo ano e acusou “quadrilhas estrangeiras de fraude profissional” de desviarem recursos ao se passarem por cidadãos digitais dos EUA. Não foram apresentadas evidências sobre essa afirmação.
A crescente influência de Musk dentro da administração Trump tem sido alvo de questionamentos por parlamentares democratas. O jornal “The New York Times” revelou que o empresário teve acesso ao sistema de pagamentos do Tesouro dos EUA, que administra mais de US$ 6 trilhões anuais e armazena dados de milhões de cidadãos, incluindo beneficiários da Previdência Social.
O senador democrata Peter Welch criticou o acesso de Musk ao sistema e cobrou explicações. “É um abuso grosseiro de poder por parte de um burocrata não eleito e mostra que dinheiro pode comprar poder na Casa Branca de Trump”, afirmou Welch em comunicado por e-mail.
Com informações da Reuters