Petrobras se prepara para aumentar o preço dos combustíveis ainda nesta quarta (29)

Fernando Frazão/Agência Brasil

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, informou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos ministros do governo nesta segunda-feira, 27, que a empresa deve proceder com um reajuste no preço do diesel, com a aprovação do aumento sendo possível já nesta quarta-feira, 29, durante a reunião do Conselho de Administração da petroleira.

A expectativa é de que o impacto no valor do combustível para o consumidor final varie entre R$ 0,18 e R$ 0,24 por litro, embora os cálculos finais ainda estejam em andamento.

Durante a reunião com o presidente Lula, Chambriard também avaliou que, no momento, os preços da gasolina e do gás de cozinha não necessitam de ajustes.

De acordo com fontes ouvidas pelo G1 que estiveram presentes no encontro, o governo recebeu a notícia do aumento do diesel com naturalidade, apesar das possíveis implicações econômicas.

O reajuste no diesel tem gerado preocupações dentro do governo, uma vez que o aumento no preço do combustível impacta diretamente a inflação e os custos dos alimentos, uma das prioridades da gestão de Lula, que busca reduzir o custo de vida para a população.

A decisão de aumentar o preço do diesel vem em um momento delicado, pois há uma defasagem entre os preços praticados pela Petrobras e os valores internacionais.

A Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) informou que, na semana passada, o diesel estava defasado em 16% em relação ao preço internacional, o que significa uma diferença de mais de R$ 0,50 por litro. Já o preço da gasolina apresenta uma defasagem menor, de 7%, segundo a Abicom.

Fontes governamentais afirmaram que, em 2024, a Petrobras manteve os preços dos combustíveis estáveis, mesmo diante da queda nos preços internacionais, o que ajudou a empresa a formar um “colchão” financeiro para enfrentar as perdas atuais.

Apesar da estratégia de manter os preços sob controle por mais tempo, a situação atual levou a Petrobras a considerar o reajuste do diesel para ajustar a discrepância com o mercado internacional e garantir a sustentabilidade da empresa.

A Petrobras, sendo uma empresa de capital misto, tem o governo brasileiro como principal acionista, o que lhe confere maior influência nas decisões da companhia. Contudo, a empresa também possui acionistas privados, o que torna a questão do reajuste uma decisão que envolve múltiplos interesses.

Se o governo decidir segurar o preço do diesel, poderá prejudicar não apenas a Petrobras, mas também os importadores privados de combustíveis, que atuam no Brasil e competem diretamente com a estatal.

Além do possível aumento do diesel, o governo enfrenta outra pressão com a alteração do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que entrará em vigor no próximo sábado, 1º.

A partir dessa data, o imposto cobrado pelos estados terá um aumento que afetará diretamente o preço dos combustíveis.

Na gasolina, a alta será de R$ 0,10 por litro, passando de R$ 1,37 para R$ 1,47, enquanto o diesel terá um acréscimo de R$ 0,06, com o imposto subindo de R$ 1,06 para R$ 1,12 por litro.

Esses aumentos no ICMS, que são definidos pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), terão um impacto adicional no preço final dos combustíveis, potencializando as dificuldades já enfrentadas pelo governo para controlar a inflação e os custos de produtos essenciais para a população.

O aumento do ICMS nos combustíveis é uma medida adotada pelos estados para compensar a perda de arrecadação que ocorreu após a implementação do teto para o ICMS, estabelecido pelo governo federal, sobre itens essenciais.

A combinação do reajuste do diesel, a alta no ICMS e a defasagem no preço dos combustíveis coloca o governo em uma posição desafiadora, já que qualquer aumento nos preços pode agravar a situação econômica, principalmente no contexto atual de pressão inflacionária e crescimento dos custos de alimentos.

A gestão de Lula terá que equilibrar a necessidade de ajustes fiscais e a preservação do poder de compra da população, especialmente em um momento em que os combustíveis desempenham um papel central no custo de vida dos brasileiros.

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