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Plano de Trump sobre o Canal do Panamá aprofunda a guerra diplomática com a China

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirmou seu interesse em recuperar o controle do Canal do Panamá, aumentando tensões entre os EUA e a China na América Latina. Durante seu discurso de posse em 20 de janeiro, Trump destacou a necessidade de os EUA retomarem sua influência sobre a infraestrutura estratégica, considerada vital para […]

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirmou seu interesse em recuperar o controle do Canal do Panamá, aumentando tensões entre os EUA e a China na América Latina.

Durante seu discurso de posse em 20 de janeiro, Trump destacou a necessidade de os EUA retomarem sua influência sobre a infraestrutura estratégica, considerada vital para a segurança e o comércio do país.

Três dias após o discurso, o senador americano Eric Schmitt apresentou uma resolução no Congresso pedindo ao governo do Panamá que encerrasse a gestão chinesa de portos estratégicos no país e reafirmasse a neutralidade permanente do canal, como estipulado no Tratado de Neutralidade de 1977.

Principais Demandas da Resolução

A resolução apresentada por Schmitt inclui as seguintes propostas:

  • Revisão e rescisão de concessões que permitem a empresas chinesas administrar portos estratégicos no Panamá.
  • Compromisso do governo panamenho com a neutralidade do Canal do Panamá.
  • Busca de parcerias alinhadas aos valores democráticos e que protejam a segurança do hemisfério ocidental.

Além disso, o documento sugere que os EUA forneçam investimentos para modernizar a infraestrutura do canal, reduzindo a dependência do Panamá de empresas vinculadas à República Popular da China.

A Hutchison Ports Holdings, empresa controlada pelo magnata de Hong Kong Li Ka-shing, foi citada na resolução. Ela administra os portos de Balboa e Cristobal e tem sido alvo de críticas por sua ligação com interesses chineses.

Aumento da Influência Chinesa na América Latina

Nos últimos anos, a China ampliou significativamente sua presença econômica na América Latina. Segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), o comércio entre a China e a região chegou a US$ 489 bilhões em 2023, comparado a US$ 18 bilhões em 2002. Além disso, investimentos chineses diretos na região totalizaram US$ 9 bilhões no mesmo período.

O presidente chinês Xi Jinping também tem reforçado a presença do país na região por meio de grandes projetos de infraestrutura, como o megaporto de Chancay, no Peru, inaugurado em novembro de 2023. A obra faz parte da Iniciativa Cinturão e Rota da China, que visa expandir a conectividade comercial global.

Autoridades americanas têm expressado preocupações de que a influência econômica chinesa possa ser usada para ganhos políticos e militares. Mauricio Claver-Carone, enviado especial dos EUA para a América Latina, sugeriu que tarifas de até 60% poderiam ser impostas a produtos oriundos de projetos financiados pela China, como o porto de Chancay.

Posicionamento de Trump sobre o Canal do Panamá

Trump foi enfático ao defender a necessidade de os EUA retomarem o controle do Canal do Panamá. Durante uma coletiva de imprensa em 7 de janeiro, ele não descartou o uso de força militar para alcançar esse objetivo.

“O Canal do Panamá foi tolamente entregue ao Panamá, e agora está sob influência da China. Essa situação não pode continuar”, declarou Trump em seu discurso de posse. Ele também criticou a gestão atual do canal, afirmando que “os navios americanos estão sendo tratados de forma injusta”.

Em resposta, o governo panamenho anunciou uma auditoria na Hutchison Ports para verificar o cumprimento das obrigações contratuais da empresa em relação aos terminais de Balboa e Cristobal. O controlador-geral do Panamá, Anel Bolo Flores, prometeu garantir que os interesses nacionais sejam preservados.

Reações do Panamá e da China

O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, afirmou em dezembro que a soberania do país sobre o canal não é negociável e negou qualquer controle direto ou indireto da China sobre sua administração.

Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, também rejeitou as alegações de interferência chinesa, destacando que “respeitamos a soberania do Panamá sobre o canal e reconhecemos sua neutralidade”.

As relações entre China e Panamá foram formalizadas em 2017, quando o país cortou laços diplomáticos históricos com Taiwan. Em 2018, o Panamá aderiu oficialmente à Iniciativa Cinturão e Rota, reforçando a parceria com Pequim.

Histórico do Canal do Panamá

Construído pelos EUA entre 1904 e 1914, o Canal do Panamá foi um marco estratégico e econômico para o país. O projeto custou aproximadamente US$ 375 milhões na época (o equivalente a US$ 10 bilhões em 2025) e envolveu a perda de milhares de vidas, principalmente de trabalhadores das Índias Ocidentais.

Em 1977, os presidentes Jimmy Carter, dos EUA, e Omar Torrijos, do Panamá, assinaram o Tratado do Canal do Panamá, que garantiu ao país o controle total da infraestrutura a partir de 1999.

A controvérsia atual sobre a influência chinesa no canal e os esforços dos EUA para retomá-lo ressaltam a crescente disputa entre as duas potências pela hegemonia na América Latina. O desfecho dessa situação pode redefinir as dinâmicas econômicas e políticas da região nos próximos anos.

Com informações do Asia Times

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