O dólar apresentou queda significativa nesta terça-feira (28), negociado abaixo de R$ 5,90, contrariando a tendência de outras economias emergentes. A valorização do real reflete uma combinação de fatores internos e externos, destacando-se a política econômica de Donald Trump nos Estados Unidos e o impacto de um novo modelo de inteligência artificial da China no mercado financeiro global.
Pela manhã, o dólar à vista registrava baixa de 0,48%, cotado a R$ 5,884 para compra e R$ 5,885 para venda. Já na segunda-feira, a moeda norte-americana havia fechado com leve queda de 0,09%, alcançando a menor cotação desde novembro de 2024. Esse desempenho ocorre em meio a uma série de movimentos que influenciam diretamente o mercado financeiro.
O Banco Central brasileiro, em uma tentativa de gerenciar a volatilidade cambial, anunciou um leilão de contratos de swap cambial tradicional para rolagem de vencimentos futuros. A medida visa trazer maior estabilidade ao mercado, especialmente em um cenário global incerto.
Impactos da tecnologia chinesa e da política dos EUA
No cenário internacional, dois eventos marcaram o comportamento das moedas emergentes. Primeiro, a startup chinesa DeepSeek lançou um modelo de inteligência artificial de baixo custo, abalando o domínio das gigantes de tecnologia ocidentais. A novidade gerou pânico entre investidores, que liquidaram ações de tecnologia em busca de ativos mais seguros, como o dólar e títulos governamentais. No entanto, o real conseguiu resistir à fuga de capital, recuperando parte de suas perdas após as fortes desvalorizações do fim de 2024.
Além disso, a política comercial dos Estados Unidos trouxe mais incertezas ao mercado. Donald Trump anunciou a intenção de implementar tarifas universais acima de 2,5% sobre importações globais. Essa medida pode desencadear tensões comerciais e impactar diretamente economias emergentes, mas o Brasil conseguiu evitar impactos negativos imediatos devido a ajustes internos e expectativas de decisões políticas estratégicas.
Bancos centrais e taxas de juros
As decisões de bancos centrais em todo o mundo também desempenham papel crucial no cenário econômico. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve deve manter as taxas de juros inalteradas, após três cortes consecutivos, enquanto o Banco Central Europeu sinaliza uma possível redução de 0,25 ponto devido à desaceleração da economia na zona do euro.
No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve anunciar uma elevação da taxa Selic em 1 ponto percentual, chegando a 13,25% ao ano. Essa decisão reflete a necessidade de combater a deterioração das expectativas de inflação e ajustar a economia diante de sinais de desaceleração.
Real em destaque no mercado global
Apesar das turbulências externas, o real se destacou entre as moedas emergentes, mostrando resiliência diante da pressão global. Enquanto o dólar se manteve estável frente ao peso mexicano e ao rand sul-africano, o Brasil seguiu em um movimento de correção, beneficiado por um contexto de valorização interna e controle cambial.
A queda do dólar no Brasil reflete, sobretudo, uma vitória contra a especulação financeira e o terrorismo fiscal, que tentavam desestabilizar a economia nacional. Essa recuperação, ainda que modesta, demonstra a capacidade do país de ajustar sua política econômica e resistir às adversidades globais.