A China está em trajetória para alcançar um marco histórico em sua malha ferroviária de alta velocidade, com projeções de que a quilometragem total ultrapasse 50.000 quilômetros até 2025.
Paralelamente, a receita do setor de transporte ferroviário deve superar 1 trilhão de yuans (US$ 137 bilhões), segundo informações divulgadas pela China State Railway Group, também conhecida como China Railway.
A expansão da rede, que já é a maior do mundo, reforça a infraestrutura doméstica e abre caminho para a exportação de tecnologia e expertise chinesa no setor ferroviário.
A China Railway anunciou, durante sua conferência anual de trabalho na quarta-feira, que serão adicionados 2.600 quilômetros de ferrovias de alta velocidade à rede existente de 48.000 quilômetros ainda em 2024.
O ritmo de expansão é considerado extraordinário, especialmente considerando que a primeira linha de passageiros de alta velocidade do país foi inaugurada apenas em 2008.
Atualmente, as linhas de alta velocidade representam 30% da quilometragem operacional ferroviária nacional, que totaliza 162.000 quilômetros. Em 2017, essa proporção era de 20%.
A expansão da rede ferroviária de alta velocidade tem impactado significativamente a economia e a logística chinesas.
Além de ampliar as opções de viagens domésticas e reduzir custos de transporte, a infraestrutura também serve como uma vitrine para a tecnologia e capacidade de construção da China, especialmente em um momento em que o país se prepara para sediar o Congresso Mundial de Ferrovias de Alta Velocidade em julho.
O evento deve atrair atenção global e potencializar oportunidades de exportação de know-how e equipamentos ferroviários.
Apesar do crescimento acelerado, a rede ferroviária de alta velocidade da China enfrenta questionamentos externos sobre sua sustentabilidade financeira. Críticos apontam para o peso da dívida associada à construção e manutenção das linhas, além de dúvidas sobre a lucratividade do setor.
No entanto, a China Railway registrou um aumento de 2,7% na receita operacional em 2023, atingindo 990,18 bilhões de yuans. O resultado foi impulsionado pelo crescimento no transporte de passageiros e cargas, indicando uma recuperação pós-pandemia e uma demanda robusta por serviços ferroviários.
A expansão da rede de alta velocidade também tem implicações estratégicas para a política externa chinesa. A iniciativa “Cinturão e Rota” (Belt and Road Initiative), que busca conectar a China a outros países por meio de infraestrutura, já inclui projetos ferroviários em várias nações.
A expertise adquirida com a construção e operação da extensa rede doméstica coloca a China em posição privilegiada para competir em licitações internacionais e exportar sua tecnologia para mercados emergentes.
Além dos benefícios econômicos e geopolíticos, a expansão ferroviária tem impactado diretamente a vida dos cidadãos chineses. As linhas de alta velocidade reduziram drasticamente o tempo de viagem entre grandes cidades, impulsionando o turismo interno e facilitando o deslocamento de trabalhadores.
Em 2023, o transporte de passageiros atingiu níveis recordes, com milhões de pessoas utilizando trens de alta velocidade para viagens de negócios e lazer.
No entanto, o crescimento acelerado também traz desafios. A manutenção de uma rede tão extensa exige investimentos contínuos, e a rentabilidade de algumas linhas menos movimentadas tem sido questionada.
Além disso, a dependência de financiamento estatal para a construção de novas ferrovias levanta preocupações sobre o endividamento do setor.
Apesar disso, o governo chinês tem reiterado seu compromisso com a expansão da infraestrutura ferroviária como parte de sua estratégia de desenvolvimento econômico de longo prazo.
Para 2025, a China Railway projeta não apenas a expansão da quilometragem, mas também a modernização de suas operações. A integração de tecnologias como inteligência artificial e big data tem sido priorizada para melhorar a eficiência operacional e a segurança das linhas.
Além disso, a empresa estatal planeja ampliar sua frota de trens de alta velocidade, com modelos mais modernos e eficientes em termos energéticos.
O sucesso da rede ferroviária de alta velocidade da China tem inspirado outros países a investirem em infraestrutura semelhante. Nações como Índia, Indonésia e Turquia já manifestaram interesse em parcerias com empresas chinesas para desenvolver suas próprias redes.
A expertise da China em projetos de grande escala e sua capacidade de entregar obras dentro de prazos curtos têm sido fatores decisivos na atração de investimentos internacionais.
Enquanto a China se prepara para atingir o marco de 50.000 quilômetros de ferrovias de alta velocidade em 2025, o setor ferroviário continua a desempenhar um papel central no desenvolvimento econômico e na projeção de poder global do país.
A expansão da rede não apenas reforça a infraestrutura doméstica, mas também consolida a posição da China como líder global em tecnologia e construção ferroviária.
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