Bolsonaro defende política de deportações em massa de Trump

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Em entrevista à CNN Brasil na última sexta-feira, 24, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou que faria “a mesma coisa” que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação à política de deportações em massa. Bolsonaro justificou sua posição ao afirmar que muitos dos imigrantes nos EUA não tinham “qualificação” para estar no país.

“Lá é a casa dele. Aqui é a nossa. Quem não está de forma legal tem que se regularizar. Não são apenas brasileiros. Se calcula que sejam um pouco mais de 10 milhões de ilegais lá. Uma parte disso foi gente que não tinha qualquer qualificação para ir para lá. Empurraram para lá ‘muito tipo de gente’ que frequentava presídios em outros países. Ele está fazendo a coisa certa […] No lugar dele eu faria a mesma coisa”, disse Bolsonaro.

O ex-presidente também comparou a situação dos imigrantes nos EUA às ocupações realizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) no Brasil.

“É a regra do jogo. O que você acha do MST que invade uma fazenda e permanece lá dentro. Eles estão atrás de oportunidades, não tem onde plantar. Mas e o dono da fazenda, como fica? Então tem que ser dessa maneira. Quem quer ir para lá, busque uma maneira legal, como temos muitos brasileiros de forma legal lá. E conversando com esses brasileiros, eles eram favoráveis a não deixar aquela fronteira aberta como fez o (Joe) Biden”, completou.

A declaração de Bolsonaro ocorreu em meio a uma polêmica envolvendo a chegada de um voo com deportados brasileiros aos Estados Unidos.

De acordo com relatos, o grupo, composto por 88 brasileiros, desembarcou no Brasil algemado e acorrentado, além de ter sofrido agressões físicas e psicológicas por parte de agentes americanos. O governo federal e a Polícia Federal determinaram a soltura imediata dos deportados.

A Força Aérea Brasileira (FAB) enviou um avião para resgatá-los e levá-los ao Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, seu destino final.

A política de deportações em massa foi uma das marcas da gestão de Donald Trump nos Estados Unidos. Durante seu mandato, o ex-presidente americano implementou medidas rigorosas para conter a imigração irregular, incluindo a construção de um muro na fronteira com o México e a separação de famílias de imigrantes detidos.

A administração de Joe Biden, que sucedeu Trump, reverteu parte dessas políticas, mas manteve o debate sobre imigração no centro das discussões políticas nos EUA.

No Brasil, a fala de Bolsonaro reacendeu o debate sobre imigração e direitos humanos. Organizações de defesa dos direitos dos imigrantes criticaram a comparação feita pelo ex-presidente, argumentando que a situação de imigrantes em busca de melhores condições de vida não pode ser equiparada a ações de movimentos sociais como o MST.

A entrevista de Bolsonaro também chamou a atenção para o tratamento dado aos brasileiros deportados dos Estados Unidos.

Relatos de maus-tratos durante o processo de deportação levantaram questionamentos sobre as práticas adotadas pelas autoridades americanas.

O governo brasileiro, por meio da Polícia Federal e da FAB, agiu rapidamente para garantir a segurança e a integridade dos deportados ao chegarem ao país.

A declaração do ex-presidente ocorre em um momento de intensa polarização política no Brasil, com debates sobre imigração, direitos humanos e políticas públicas ganhando destaque no cenário nacional.

A comparação entre imigrantes e ocupações do MST, em particular, deve gerar reações tanto de apoiadores quanto de críticos de Bolsonaro, refletindo a divisão política que marca o país.

Enquanto isso, o governo brasileiro segue monitorando a situação dos cidadãos deportados e mantém diálogo com as autoridades americanas para garantir que os direitos dos brasileiros sejam respeitados em processos futuros. A polêmica envolvendo o voo de deportados e as declarações de Bolsonaro devem continuar a gerar discussões nos próximos dias, tanto no Brasil quanto no exterior.

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