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Vazou! Elio Gaspari traz novas delações de Mauro Cid!

Neste domingo, a coluna de Elio Gaspari no jornal O Globo trouxe à tona detalhes reveladores sobre os depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid, que colabora com as investigações sobre os planos golpistas que surgiram após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2022. Os depoimentos, mantidos sob sigilo pelo ministro […]

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O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel do Exército Mauro Cid. / Foto: © Lula Marques/Agência Brasil

Neste domingo, a coluna de Elio Gaspari no jornal O Globo trouxe à tona detalhes reveladores sobre os depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid, que colabora com as investigações sobre os planos golpistas que surgiram após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2022. Os depoimentos, mantidos sob sigilo pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, começaram a vir à luz, com o primeiro deles, datado de 28 de agosto de 2023, contendo seis páginas e mencionando mais de 20 pessoas envolvidas nos eventos que se seguiram à derrota de Jair Bolsonaro.

Segundo Mauro Cid, após a confirmação da vitória de Lula, três grupos distintos se formaram em torno de Bolsonaro, cada um com visões e estratégias diferentes sobre como lidar com o resultado das eleições. O primeiro grupo, considerado o mais moderado, defendia que Bolsonaro deveria aceitar a derrota e se consolidar como líder da oposição, enviando seus apoiadores para casa. Entre os integrantes desse grupo estavam o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, o então chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, o advogado-geral da União, Bruno Bianco, e o brigadeiro Baptista Júnior, comandante da Força Aérea na época.

O segundo grupo, ainda mais cauteloso, argumentava que nada poderia ser feito diante do resultado das eleições e que qualquer tentativa de golpe resultaria em um regime militar que poderia durar de 20 a 30 anos. Eles temiam que os radicais pressionassem Bolsonaro a tomar medidas extremas, como assinar um documento que ficou conhecido como a “doideira”. Nesse grupo estavam figuras como o general Freire Gomes, então comandante do Exército, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e o general Júlio César de Arruda. Outros membros desse grupo, como o empresário do agronegócio Paulo Junqueira, chegaram a sugerir que Bolsonaro deixasse o país, tendo Junqueira inclusive financiado a viagem do ex-presidente para os Estados Unidos após o fim de seu mandato.

O terceiro grupo, composto pelos radicais, era o mais preocupante. Dividido em duas alas, uma delas buscava provas de fraude nas eleições, enquanto a outra defendia a possibilidade de um golpe armado. Entre os nomes mencionados por Mauro Cid nesse grupo estavam o major da reserva Angelo Dentoc II e o senador Carlos Heinze, que chegou a propor que os militares sequestrassem uma urna eletrônica para realizar testes de integridade. A outra ala, mais agressiva, defendia abertamente a ideia de um golpe militar, embora Cid não tenha fornecido detalhes específicos sobre os envolvidos nessa facção.

A partir de novembro de 2022, após o segundo turno das eleições, Filipe Martins, assessor internacional de Bolsonaro, teria levado ao ex-presidente um jurista cujo nome não foi revelado. Essas conversas resultaram na elaboração de um documento extenso, que previa a prisão de várias autoridades, incluindo os ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do senador Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso na época. O documento também propunha a anulação das eleições. Bolsonaro recebeu várias versões desse texto e, em uma delas, teria retirado os nomes de Gilmar Mendes e Rodrigo Pacheco da lista de prisões.

Em 2 de novembro de 2022, Bolsonaro convocou uma reunião com os comandantes militares para apresentar a minuta do documento. Mauro Cid, responsável pela apresentação em PowerPoint, relatou que o almirante Garnier, da Marinha, era favorável a uma intervenção militar, afirmando que a Marinha estava pronta para agir, mas condicionava a ação à adesão do Exército. Já o brigadeiro Baptista Júnior, da Força Aérea, se posicionou categoricamente contra qualquer tentativa de golpe, afirmando que não havia ocorrido fraude nas eleições.

O general Freire Gomes, comandante do Exército na época, adotou uma postura intermediária. Ele não concordava com a forma como as coisas estavam sendo conduzidas, mas entendia que não cabia às Forças Armadas realizar um golpe de Estado, pois as instituições estavam funcionando. Freire Gomes também destacou que não havia comprovação de fraude eleitoral e que qualquer ação nesse sentido resultaria em um regime autoritário pelos próximos 30 anos.

Apesar da falta de respaldo dos comandantes militares, Bolsonaro continuou a trabalhar com duas hipóteses: a primeira era encontrar provas de fraude nas eleições, e a segunda era convencer as Forças Armadas a aderirem a um golpe de Estado. Para isso, ele contava com o apoio de figuras radicais, como o ex-ministro Olvys Lorenzoni, o senador Jorge Seif, o ex-ministro Gilson Machado, o senador Magno Malta, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o general Mário Fernandes. Segundo Mauro Cid, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também fazia parte desse grupo.

O ministro Alexandre de Moraes tem conhecimento desses fatos desde agosto de 2023, quando Mauro Cid começou a prestar depoimentos. Desde então, Cid já depôs em pelo menos dez ocasiões, fornecendo detalhes cada vez mais precisos sobre os planos golpistas e os envolvidos. As informações reveladas por ele têm sido fundamentais para a investigação, que busca esclarecer os eventos que levaram aos ataques às instituições democráticas em 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram e depredaram sedes dos Três Poderes em Brasília.

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