Documentos confidenciais indicam que a Microsoft forneceu tecnologia avançada e suporte técnico significativos ao exército de Israel durante os eventos ocorridos na Faixa de Gaza a partir de outubro de 2023.
Segundo investigações do The Guardian, em colaboração com o +972 Magazine e o Local Call, contratos no valor de até US$ 10 milhões foram assinados para o fornecimento de serviços de computação e inteligência artificial, ampliando a parceria com as Forças de Defesa de Israel (IDF) durante um período de escalada da violência.
A plataforma de nuvem Azure da Microsoft foi empregada por unidades militares israelenses para armazenamento de dados e operações de inteligência, com destaque para as unidades de elite 8200 e 9900, que lidam com vigilância e análise de inteligência visual, respectivamente. Ferramentas de IA, incluindo sistemas de tradução automática e transcrição de áudio, foram usadas para facilitar as operações em campo.
Entre outubro de 2023 e março de 2024, houve um aumento significativo no uso das tecnologias de IA da Microsoft pelas IDF, com um crescimento de 64 vezes na utilização dessas ferramentas e um aumento de 60% nos serviços de armazenamento em nuvem.
Alguns documentos apontam que essas tecnologias foram integradas a sistemas “air-gapped”, que são isolados da internet, indicando seu uso em operações sigilosas.
Os contratos incluíram também suporte para o sistema “Rolling Stone”, que monitora movimentos da população palestina, e assistência a unidades encarregadas de coordenar alvos para ataques aéreos. Engenheiros da Microsoft colaboraram de perto com o exército israelense, oferecendo consultoria técnica tanto remotamente quanto diretamente em bases militares.
Esta colaboração tem levantado profundas questões éticas sobre o envolvimento de corporações tecnológicas em conflitos armados. Nos Estados Unidos, já houve protestos de funcionários de empresas como Google e Amazon contra contratos similares, que, segundo eles, contribuem para violações de direitos humanos.
Adicionalmente, uma mudança nas políticas da OpenAI, parceira da Microsoft, em janeiro de 2024, que removeu restrições ao uso militar de suas ferramentas, permitiu que o IDF empregasse o modelo de inteligência artificial GPT-4 no contexto do conflito. Apesar das alegações documentais, tanto a Microsoft quanto a OpenAI negaram envolvimento direto com atividades militares específicas.
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