Moeda brasileira registrou o melhor desempenho global frente ao dólar, com impacto positivo impulsionado por menor ruído externo e sinais de ajuste técnico no mercado financeiro
Segundo informações do Valor, o dólar comercial encerrou a sessão desta quarta-feira (22) com forte queda de 1,40%, cotado a R$ 5,9455. Esse é o menor patamar desde 27 de novembro de 2024, quando fechou a R$ 5,9124. Durante o dia, a moeda americana oscilou entre a mínima de R$ 5,9154 e a máxima de R$ 6,0201, enquanto o euro também registrou desvalorização, recuando 1,38%, a R$ 6,1949.
“O alívio foi global, mas mais forte nos mercados da América Latina, com o câmbio brasileiro se destacando entre todas as 33 moedas mais líquidas”, comentou um operador ao Valor.
Uallace Moreira, Secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, destacou que a queda de 73% no déficit primário entre 2023 e 2024 pode ter sido um fator importante na valorização do real neste início de ano.
A queda do dólar foi impulsionada por fatores externos, como a sinalização do presidente Donald Trump de que aplicará tarifas menores à China do que o esperado pelo mercado. Além disso, operadores apontam que o rompimento do patamar de R$ 6,00 gerou um movimento técnico favorável ao real.
“Não sabemos o que virá de Trump, mas o mercado foi preparado para algo imediato, e agora tudo parece ser tática de negociação, então faz sentido algum problema, dado o nível elevado em que o dólar estava”, afirmou uma operadora.
Outro fator mencionado foi o desmonte de posições de hedge realizadas antes da posse de Trump. “Como até agora não houve nada muito impactante e relevante das falas dele, o mercado pode estar desfazendo esse hedge”, disse o operador de tesouraria de um grande banco.
Real lidera entre emergentes
Luis Garcia, diretor de investimentos da SulAmérica Investimentos, observou que a redução da volatilidade no câmbio, promovida pelo Banco Central no final do ano passado, também favoreceu o real. “Com a redução da volatilidade e o aumento da taxa de juros, o real se tornou mais atrativo para investidores que buscam retorno ajustado ao risco”, explicou.
Mesmo com saldo negativo no fluxo cambial – os dados do Banco Central apontam saída de US$ 3,8 bilhões no acumulado do ano –, o real apresentou o melhor desempenho entre as moedas emergentes, seguido pelos pesos chileno, colombiano e mexicano.
Especialistas indicam que, com menor ruído externo e uma agenda econômica ainda moderada no Brasil, o câmbio pode continuar apresentando oscilações positivas no curto prazo. Porém, a continuidade dessa valorização dependerá de fatores externos e do comportamento do fluxo de capitais nos próximos meses.
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