Ministro de Portos e Aeroportos articula fusão entre Azul e Gol antes de parecer do Cade

AGÊNCIA CÂMARA

O Ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, manifestou apoio à proposta de fusão entre as companhias aéreas Azul e Gol.

Em declarações durante um evento em Foz do Iguaçu, Paraná, nesta terça-feira, o ministro expressou confiança de que a fusão não resultaria em aumento de tarifas aéreas, e sim no fortalecimento da aviação regional e na otimização operacional das rotas com baixa ocupação.

O apoio de Costa Filho à fusão ocorre antes de um parecer conclusivo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que ainda está avaliando os impactos dessa operação no mercado aéreo.

Especialistas temem que a união das duas empresas possa reduzir significativamente a concorrência no setor, criando um cenário de duopólio com a Latam, onde Azul e Gol controlariam cerca de 60% do mercado doméstico brasileiro.

Tal concentração de mercado poderia, segundo críticos, levar a aumentos nos preços das passagens e afetar negativamente as cidades que atualmente são atendidas exclusivamente por uma das operadoras.

Apesar das preocupações com a concorrência, o ministro minimizou os riscos e defendeu a operação como crucial para evitar uma crise mais grave no setor aéreo brasileiro.

“Infelizmente, teria muito mais o efeito perverso e danoso para o Brasil se essas empresas viessem a quebrar, já que representam de 63% a 64% do mercado”, argumentou Costa Filho, referindo-se à importância das companhias para o mercado nacional.

Ainda no evento, o ministro salientou que o governo disponibilizou uma linha de crédito de R$ 4 bilhões para apoiar as companhias aéreas e assegurar a continuidade de suas operações.

A fusão, segundo ele, também permitiria uma melhor utilização da frota aérea, liberando aeronaves para atender novos destinos e melhorar a eficiência do serviço oferecido.

As declarações foram feitas durante a inauguração das obras de modernização do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu, que contou com um investimento de R$ 350 milhões da concessionária CCR Aeroportos, financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A posição precoce do ministro sobre a fusão coloca pressão indireta sobre o Cade, cuja decisão é crucial para determinar os contornos futuros do mercado de aviação no Brasil. A situação sublinha a tensão entre a intervenção governamental e a necessidade de uma avaliação regulatória imparcial para garantir a manutenção de um mercado competitivo e justo.

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