Policiais da Rota são acusados de envolvimento em esquema de corrupção com o PCC

REPRODUÇÃO

Uma investigação conduzida pela Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo revelou um esquema de corrupção envolvendo policiais militares da Rota e membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa de grande poder no estado.

O esquema teria começado em 2017 e envolvido uma rede de seis policiais militares, liderados por um agente identificado apenas como “Leão”, que supostamente cobravam altos valores de dinheiro de membros do PCC em troca de informações sigilosas e proteção a líderes da facção.

De acordo com informações divulgadas pelo portal Metrópoles, os PMs cobravam uma mensalidade de R$ 600 mil para garantir a segurança de membros da facção criminosa e permitir que suas atividades continuassem sem interferência da polícia.

Entre os beneficiados estariam figuras importantes do PCC, como Silvio Luiz Ferreira, conhecido como Cebola, Claudemir Antonio Bernardino da Silva, o Guinho, e Rafael Maeda Pires, o Japa.

Além dos pagamentos mensais, o esquema também envolvia valores adicionais em circunstâncias excepcionais.

Durante a Operação Sharks, realizada em setembro de 2020, os policiais exigiram o pagamento de R$ 5 milhões para facilitar a fuga de Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, que era um dos principais líderes do PCC fora do sistema penitenciário.

Em outra operação, Cebola teria conseguido escapar da prisão durante uma ação do Ministério Público de São Paulo (MPSP), que visava sua detenção em uma festa de aniversário do advogado Ahmed Hassan, envolvido em esquemas de lavagem de dinheiro da facção.

Relações Comerciais e o Lucro do Crime

O agente identificado como “Leão”, que estava à frente do esquema, utilizou os lucros obtidos com a atividade criminosa para abrir dois estabelecimentos comerciais na zona leste de São Paulo, na área do Jardim Helena e Itaquera.

Os empreendimentos, chamados Rota’s Bar, incluíam um restaurante e uma adega, sendo batizados em homenagem ao batalhão da Rota.

Mesmo após deixar o cargo de policial, “Leão” continuou a receber pagamentos regulares, como se ainda estivesse integrado à unidade, indicativo de que o esquema continuava a operar de forma clandestina.

Expansão do Esquema e Cooptação de Policiais

Fontes internas da Polícia Militar afirmam que o envolvimento de policiais da Rota com o PCC aumentou a partir de 2021, após uma conversa entre um traficante da facção e promotores do Ministério Público.

O encontro, que ocorreu dentro do próprio batalhão da Rota, forneceu detalhes sobre o funcionamento do esquema de cooptação de policiais e o modo como eles colaboravam com o PCC.

Este depoimento, de acordo com os relatos, foi interpretado pela facção como uma autorização para expandir ainda mais as relações com os policiais militares da Rota.

A informação obtida também trouxe à tona a operação que permitiu a fuga de Tuta no ano anterior, o que deixou claro o papel crucial dos policiais militares envolvidos no esquema.

Com a exposição desses detalhes, as autoridades agora enfrentam o desafio de desmantelar a rede de corrupção que ligava a Rota ao PCC, além de buscar responsabilizar os agentes que participaram dessas atividades ilegais.

A investigação e a revelação do esquema de corrupção não apenas enfraquecem a credibilidade da Polícia Militar de São Paulo, mas também expõem as falhas no controle e na supervisão dos membros da força policial.

A relação entre policiais militares e organizações criminosas como o PCC continua a ser um problema significativo para as autoridades estaduais, que enfrentam dificuldades para combater a corrupção dentro das próprias instituições responsáveis pela segurança pública.

As investigações continuam, com a Corregedoria da PM e outras autoridades competentes focadas em identificar e responsabilizar todos os envolvidos no esquema, além de buscar uma solução para evitar que situações semelhantes ocorram no futuro.

A população de São Paulo e as autoridades esperam que a operação, embora já tenha revelado um grande esquema, resulte em ações concretas para restaurar a confiança nas instituições de segurança pública.

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