Pequim reforça seu compromisso com a OMS e o acordo climático de Paris, destacando a necessidade de cooperação mundial enquanto os EUA se retiram sob a liderança de Trump
A China prometeu na terça-feira continuar participando de dois acordos multilaterais fundamentais — a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Acordo de Paris sobre o clima — após o recém-empossado presidente dos EUA, Donald Trump, ordenar a retirada de seu país dessas iniciativas.
Ontem (20), primeiro dia de seu segundo mandato presidencial, após o término do primeiro em 2021, Trump assinou uma ordem executiva determinando que os Estados Unidos deixem a OMS, que ele criticou pela gestão da pandemia de Covid-19.
Ele também anunciou que Washington estava se retirando do Acordo de Paris pela segunda vez, rejeitando de forma desafiadora os esforços globais para combater o aquecimento do planeta.
Segundo o Agências de Notícias, quando questionada sobre as decisões de Trump, Pequim afirmou nesta terça-feira estar “preocupada” com as retiradas e que permanece comprometida com a cooperação internacional.
“A China continuará, como sempre, apoiando a OMS no cumprimento de suas responsabilidades… e trabalhará para construir uma comunidade compartilhada de saúde para a humanidade”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun, durante uma coletiva de imprensa.
“O papel da OMS só deve ser fortalecido, não enfraquecido”, acrescentou ele.
Guo também respondeu à saída dos EUA do Acordo de Paris, afirmando que “as mudanças climáticas são um desafio comum enfrentado por toda a humanidade”.
“Nenhum país pode permanecer imune ou resolver o problema sozinho”, disse ele.
“A China trabalhará com todas as partes… para enfrentar ativamente os desafios das mudanças climáticas.”
Tensões comerciais
O segundo mandato presidencial de Trump verá tentativas de administrar os laços entre as duas maiores economias do mundo, que têm sofrido nos últimos anos, com Pequim e Washington em confronto sobre uma série de questões comerciais e geopolíticas complicadas.
Trump impôs tarifas sobre importações da China durante seu primeiro mandato, citando práticas supostamente injustas de Pequim.
Seu sucessor, Joe Biden, manteve a pressão com regras abrangentes destinadas a restringir o acesso chinês a chips de alta tecnologia.
E Trump ameaçou ir mais longe durante sua campanha eleitoral, prometendo tarifas ainda mais altas caso ganhasse outro mandato.
A economia chinesa continua fortemente dependente das exportações para impulsionar o crescimento, apesar dos esforços oficiais para aumentar o consumo interno.
Pequim está “disposta a fortalecer o diálogo e a comunicação com os Estados Unidos, gerenciar adequadamente as diferenças e expandir a cooperação mutuamente benéfica”, disse Guo em resposta a uma pergunta sobre possíveis novas tarifas sob Trump.
“Espera-se que os Estados Unidos trabalhem com a China para promover conjuntamente o desenvolvimento estável, saudável e sustentável das relações econômicas e comerciais sino-americanas.”
Ele reconheceu “diferenças e atritos” entre Pequim e Washington, mas disse que “os interesses comuns e o espaço para cooperação entre os dois países são enormes”.
“As duas partes podem fortalecer o diálogo e a consulta a esse respeito”, acrescentou.
Questionado sobre o futuro do aplicativo chinês TikTok — que garantiu um período de carência de 75 dias, mas ainda pode ser efetivamente proibido de operar nos Estados Unidos — Guo afirmou que Pequim espera que Washington forneça um ambiente justo para as empresas chinesas.
Ele também rebateu a ordem de Trump para reinstaurar Cuba em uma lista de patrocinadores estatais do terrorismo, poucos dias após Biden retirar a ilha da lista.
China e Cuba são aliados socialistas de longa data, e Pequim tem consistentemente se oposto ao bloqueio econômico de décadas de Washington contra Havana.
Guo afirmou que a reinclusão de Cuba na lista “revela completamente o rosto hegemônico, autoritário e intimidador dos Estados Unidos”.
“Em poucos dias, Cuba foi retirada da chamada lista, depois recolocada nela, como se fosse algo trivial”, disse Guo, acrescentando que o movimento lança dúvidas sobre a “credibilidade” de Washington.