O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu revogar uma norma da Receita Federal que propunha aumentar a fiscalização sobre transações via Pix, após enfrentar intensa pressão política e críticas por parte da oposição.
A medida foi considerada uma derrota política para o governo, conforme apontam relatos internos divulgados pela Folha de S.Paulo.
De acordo com fontes próximas ao presidente, a equipe econômica abordou a implementação da norma de maneira excessivamente burocrática, sem desenvolver uma estratégia de comunicação eficiente.
Tanto o presidente quanto a Casa Civil não foram informados sobre a medida antes de sua repercussão negativa, o que ampliou a insatisfação interna.
A oposição aproveitou a situação para acusar o governo de favorecer o aumento de impostos. Um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) se destacou nas redes sociais, acumulando mais de 200 milhões de visualizações no Instagram.
Ferreira criticou a norma, sugerindo que ela poderia levar a futuras taxações no Pix e destacando seus possíveis impactos negativos para autônomos e microempreendedores individuais (MEIs).
Apesar da defesa inicial do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o mérito da norma, o presidente optou pela sua revogação na quarta-feira (15), após considerar que nem mesmo uma campanha publicitária seria capaz de mitigar a onda de críticas e desinformações que surgiram.
Além da pressão midiática, o governo enfrentou a possibilidade de um decreto legislativo que derrubaria a norma, o que contribuiu para a decisão de evitar mais desgastes. A revogação foi celebrada pela oposição e marcou um ponto de inflexão importante na gestão de crises do governo.
Sidônio Palmeira, ministro da Secretaria de Comunicação Social, e Rui Costa, da Casa Civil, foram figuras-chave que apoiaram a revogação.
Antes da decisão, houve debates sobre a possibilidade de um pronunciamento em rede nacional para esclarecer a norma, e o secretário da Receita Federal, Robson Barreirinhas, chegou a defender publicamente a medida, alegando que a revogação prejudicaria pequenos contribuintes e beneficiaria criminosos.
O episódio evidenciou falhas na articulação interna do governo, com parlamentares da base aliada expressando descontentamento com o recuo na medida.
Segundo um ministro que preferiu manter o anonimato, o caso serve como um alerta para a necessidade de antecipar e neutralizar narrativas negativas antes da implementação de políticas de grande alcance.